A professora Marinella Holzhausen Caldeira, da Faculdade de Odontologia da USP coordena um grupo de estudo acerca da Síndrome de Sjögren e sua associação com as características clínicas, microbiológicas e imunológicas da doença periodontal. Através de estudos clínicos multidisciplinares em parceria com a professora Sandra Gofinet Pasoto, reumatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foi possível verificar a melhora no quadro clínico geral destes pacientes com o tratamento periodontal.

A equipe também é formada pelos alunos de pós-graduação Lucas Macedo Batitucci Ambrósio, Emanuel da Silva Rovai e Ieda Santos Abreu e pelos alunos de iniciação científica Bruno Nunes de França e Danilo Andrés Balzarini, com a colaboração das professoras Luciana Saraiva e Silvia Vanessa Lourenço.

A Síndrome de Sjögren é uma doença auto-imune, portanto, sem cura, que afeta as glândulas lacrimais e salivares levando ao comprometimento da produção de fluidos. Devido ao seu importante papel protetor dos tecidos bucais, a diminuição do fluxo salivar pode levar a uma alta incidência de cáries dentais, maior susceptibilidade no desenvolvimento de candidíase oral ou queilite angular (infecções por fungos), perda dental, comprometimento periodontal (inflamação dos tecidos que sustentam o dente), dor ao mastigar, dificuldades durante a fala e despapilação da língua (degeneração das papilas).

Além de compreender melhor as características do periodonto (tecidos que envolvem e sustentam os dentes) destes pacientes, o estudo também observou os efeitos do tratamento periodontal sobre os sinais e sintomas da síndrome.

A análise prévia da saúde bucal dos pacientes foi verificada pela quantidade de dentes presentes em boca, mensuração de parâmetros clínicos do periodonto, quantificação do fluxo salivar, concentração de alguns marcadores inflamatórios na saliva e no fluido gengival e avaliação da atividade sistêmica da síndrome com uso de índices validados internacionalmente que avaliam o comprometimento dos pacientes.

A professora Marinella também ressaltou a importância da prevenção e do acompanhamento regular desses pacientes por um cirurgião dentista, “uma vez que esses pacientes apresentam uma resposta pior ao tratamento e maior prevalência de doenças bucais quando comparados com indivíduos saudáveis”.

Segundo Emanuel Rovai, ao final do estudo, associado à diminuição da inflamação através do tratamento periodontal, foi possível observar um aumento significante no fluxo salivar e uma diminuição no índice de atividade da doença de Sjögren, que é caracterizada pela sensação de boca seca, fadiga e dores articulares e musculares.