ISSN 2359-5191

27/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 46 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Projeto Portal da Juventude busca inserir os jovens da periferia no mundo digital
Em parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, idéias do grupo de pesquisa Cidade do Conhecimento entram em prática

O Brasil frequentemente figura no topo de rankings do mundo digital: é o terceiro em número de IPs*,  primeiro em tempo per capita na internet e segundo em utilização de redes sociais, de acordo com o relatório anual da agência We Are Social. Temos cerca de 260 milhões de celulares ativos, em um país de 208 milhões de habitantes.

*IP: número único atribuído a cada dispositivo conectado à internet. Funciona como um “RG’ da rede mundial de computadores.

Porém, quando se trata de inclusão digital de fato, o Brasil despenca nas listas: 42% da população não tem acesso direto à internet e 51% não está inserida nas redes sociais. O número de 260 milhões de celulares ativos se torna mais absurdo ao se descobrir que todos estão na mão de apenas 60% da população, ou seja, o usuário médio tem 2 celulares, enquanto cerca de 130 milhões de brasileiros não possuem nenhum.

Frente à isso, o grupo de pesquisa Cidade do Conhecimento, liderado pelo professor da Escola de Comunicações e Artes da USP Gilson Schwartz, criou junto à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania o projeto Portal da Juventude, que visa inserir os jovens, sobretudo da periferia, no mundo digital e incentivar a participação e colaboração destes na produção de conhecimento. O trabalho é o principal ponto do artigo escrito para a Revista Cultura e Extensão “Conhecimento e Reinvenção Digital da Cidadania – Emancipação Social e Trabalho Criativo na Cidade do Conhecimento”.

 

                                          

“Se com os atuais níveis de exclusão (de todos os tipos) o Brasil já um destaque icônico global, imagine se acelerarmos a redução dessa desigualdade. Minha visão é otimista: com a emergência da chamada ‘internet das coisas’ com as ‘smart cities’ (num mundo de ‘smart phones’ e outras interfaces audiovisuais), o potencial criativo e tecnológico brasileiro é extraordinário”, afirma Gilson, que também é curador do Portal. “Minha impressão é a de iminência dessa virada civilizacional brasileira. Acredito nisso há 21 anos, mas nunca a metáfora de uma cidadania construída com informação, transparência, debate e criatividade, em suma, uma cidadania feita de conhecimento, pareceu-me tão possível e ao mesmo tempo perigosamente fugidia”.

A primeira versão do Portal já está operando e pode ser acessado pela internet pelo endereço portaldajuventude.prefeitura.sp.gov.br e por aplicativos nos sistemas Windows, Android e iOS.  O site publica notícias relacionadas ao público jovem paulistano, divulga projetos colaborativos e também possui um “mapa cultural” da cidade de São Paulo, mostrando a localização de locais e eventos de interesse para o usuário. A parte vital do projeto é servir de plataforma para a interação e a produção de conteúdo colaborativo.

Além da tecnologia desenvolvida, no trimestre final de 2015 o grupo promoveu uma profunda articulação local, nacional e internacional em várias direções. São dezenas de instituições e centenas de pessoas envolvidas no movimento de informações, conhecimento e projetos do Portal da Juventude. Um exemplo é a Cátedra França-Brasil no Estado de São Paulo, que vai construir projetos de cooperação voltados à produção audiovisual colaborativa de jovens nas periferias de Paris, São Paulo, Maputo, Bogotá e Londres. Haverá oportunidades de ‘crowdsourcing’, ‘crowdfunding’ e ‘monetização’* nos projetos patrocinados pelo Portal da Juventude na Cidade do Conhecimento.

 

*Crowdsourcing: realização de um projeto por meio da contribuição criativa e conjunta de um grande número de pessoas, mesmo que à distância

  Crowdfunding: financiamento de um projeto por meio de doações de pequeno valor por um grande número de pessoas.

  Monetização: obtenção de dinheiro através da quantidade de visualizações de uma página na internet, principalmente redes sociais como Youtube e Facebook


Grande parte das reportagens do site é feita por jovens de diferentes comunidades da cidade e englobam notícias e reportagens sobre eventos, análises políticas, sociais e culturais e também histórias reais de suas vidas e da realidade em que vivem.

A expectativa é que o Portal se torne um espaço para dar voz aos anseios da juventude, principalmente da parcela que vive nas periferias urbanas, por meio da colaboração com grupos que reúnem habitantes destas áreas. “Coletivos com presença qualificada, legitimada e verificada na periferia paulistana, como o ‘Escola de Notícias’, atuarão em pé de igualdade com a curadoria acadêmica e tecnológica num processo aberto de reinvenção da cidadania e dos direitos humanos na era digital.”, diz Gilson. “O Portal vai contribuir para o ecossistema jornalístico independente e combativo que sempre foi, agora não poderia ser diferente, a vanguarda política e cultural da sociedade. No caso do Portal, esse protagonismo é dos jovens negros e pobres da periferia.”

O artigo completo pode ser visualizado no Portal de Revistas da USP

 
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