ISSN 2359-5191

13/05/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 57 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Pesquisa mostra novidades na relação entre integração de certificações e sustentabilidade
Depois da análise prática, valorizou-se mais as dimensões sociais e ambientais, assim como a necessidade de conhecimento das particularidades de cada setor
Ilustração: Giovanna Wolf Tadini

A pesquisadora da Escola Politécnica Jeniffer de Nadae estudou, em seu doutorado, as consequências que os Sistemas de Gestão Integrados provocam nas empresas, em qualquer tipo de área, como indústrias e serviços. Na pesquisa, financiada pela Capes, observou-se como esses resultados influenciavam nos desempenhos econômicos, ambientais e sociais das empresas, analisando, assim, a contribuição da integração das certificações para a sustentabilidade.

No mestrado, Jeniffer explorou especificamente os Sistemas de Gestão Integrados, que são formas de integração das certificações de qualidade, de gestão ambiental e de segurança e saúde do trabalho. Essa integração otimiza esforços para a empresa que pretende obter certificações, seja para vender uma imagem melhor, seja para atender à exigência de um comprador ao exportar um produto ou um serviço, por exemplo. “Dá mais gastos, mas é mais fácil do que implantar a certificação da qualidade e depois implantar a da gestão ambiental e assim por diante. São trabalhos dobrados”, explica. A partir dos estudos já existentes, analisando a influência dos Sistemas de Gestão Integrados na melhoria da sustentabilidade, a pesquisadora, em conjunto com sua orientadora, a professora Marly Monteiro de Carvalho, pensou em fazer sua tese com uma abordagem prática, já que os estudos até então se restringiam a modelos teóricos.

Primeiramente, foi definido que a sustentabilidade seria analisada sob a ótica do Triple Bottom Line (tripé da sustentabilidade), que relaciona fatores econômicos, ambientais e sociais. “Se a empresa não tem os três juntos, ela não é sustentável”, afirma. Depois, foi realizado um estudo com quatro empresas, em que uma delas tinha implantado integradamente duas certificações e as outras tinham as três. Utilizou-se uma quantidade pequena porque o critério para a análise era ter certificações integradas e assumir ter sustentabilidade no relatório da empresa. Diferentemente do esperado (a partir de referências de estudos preexistentes), as empresas pouco falaram sobre o retorno econômico imediato depois da integração: elas focaram mais na melhoria da questão ambiental e social. “As empresas disseram que o ambiental e o social consequentemente geram o econômico, porque assim melhora a imagem delas com os funcionários e com a sociedade, ganhando reconhecimento pelos consumidores e consequentemente mais lucro”, conta Jeniffer.

A fim de esmiuçar, depois do resultado anterior, o lado econômico na associação, foi feita uma análise de 253 empresas presentes no levantamento “Melhores e Maiores” da Revista Exame. As empresas foram divididas em dois grupos, em que um tinha certificações e o outro não e, assim, percebeu-se que o impacto econômico da certificação varia de acordo com o setor, devido a especificidades: em serviços e indústria da construção, por exemplo, a presença das normas em questão não causa diferença, entre outros motivos, porque são exigidos outros tipos de certificação. Para outros setores analisados, como energia, química, petroquímica e transportes, indicadores econômicos de endividamento, lucratividade, patrimônio e crescimento apresentaram-se melhores para as empresas com certificações. Essas particularidades eram desconsideradas em estudos sobre o assunto.

“Para uma empresa que está pensando em certificar ou integrar as normas, ela já pode pensar que vai ter um melhor desempenho sustentável se seguir todas as etapas, adequando-se ao seu setor”, explica Jeniffer. Confirmou-se que os Sistemas de Gestão Integrados levam empresas a terem melhor desempenho econômico, social e ambiental, mas com novas ressalvas: os desempenhos social e o ambiental são mais relevantes do que aparentavam ser e o setor da empresa é decisivo no momento de analisar se é necessário obter essas normas.



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