ISSN 2359-5191

02/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 68 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Minerais raros expostos em museus exigem armazenamento apropriado
Falta de conservação pode arruinar objetos geológicos e prejudicar saúde humana
O Museu de Geociências da Universidade de São Paulo / crédito: Marcos Santos

Incomodada com as condições da coleção geológica do Museu de Geociências e com o objetivo de preservar os minerais lá expostos, a historiadora Miriam Della Posta de Azevedo fundamentou sua dissertação de mestrado no estudo de técnicas de conservação. A pesquisadora também produziu uma descrição geral do estado das amostras do museu.

Miriam Azevedo iniciou sua carreira no Museu de Geociências da Universidade de São Paulo, em 2005, de forma inusitada: foi convidada a se juntar à equipe do museu após ter passado em 2º lugar em um concurso público que estava mais voltado para a área de sua formação, a História. “Tratava-se de um trabalho que exigia nível médio. Aí a pessoa vem e não tem ideia do que vai encontrar”, conta. Foi em uma de suas primeiras tarefas no novo emprego – limpar as vitrines da exposição – que a historiadora percebeu que a coleção não estava em boas condições: “Temos vários problemas de conservação, e quem trabalha aqui não é especializado nisso”. A partir dessa constatação, Miriam decidiu ir mais a fundo no estudo do tratamento dos minerais expostos.

A pesquisadora revela: “Tudo o que temos é raro de encontrar. Foram 80 anos de colecionismo”.  Por meio da participação em seminários, congressos, cursos e visitas técnicas a museus de instituições estrangeiras, Miriam pôde estruturar seus estudos e sugerir técnicas de conservação específicas para cada caso de objeto geológico encontrado no Museu de Geociências. “Muitos acreditam que só museus de história e de artes necessitam de cuidados com conservação, o que não é verdade. É preciso tratar minerais, fósseis e rochas com o mesmo cuidado de outras coleções porque, caso contrário, eles se danificam”.

Uma das importâncias da conservação é o armazenamento de materiais raros que podem ser usados (e reutilizados) em pesquisas. “Se um geólogo publica alguma pesquisa e é contestado, ele pode vir, pegar o exemplar e levar para a análise mais uma vez. Se a gente não tem o exemplar, não há o que fazer”, Miriam explica.

O estudo também endossa a relevância de um acondicionamento adequado para que a saúde humana não seja afetada. A pesquisadora exemplifica com duas amostras que podem ser encontradas no museu: o urânio e o amianto. “Temos muitas amostras de urânio. Esses minerais necessitam de vitrines fechadas, com filme de chumbo”. O chumbo é capaz de barrar a radiação emitida. No caso do amianto, o mineral seria responsável por soltar um pó resultante de sua estrutura cristalina. “Se inalado em grande quantidade, pode causar uma doença chamada asbestose”, uma doença pulmonar séria. “É preciso deixar o mineral sempre fechado e manipulá-lo o mínimo possível”, esclarece.

A coleção do Museu Geológico e suas técnicas de conservação

PiritaConhecida como “ouro de tolo”, a pirita é formada em ambientes sem oxigênio. Quando entra em contato com a umidade do ar, começa a sofrer degradação e incha até quebrar.

Meteorito Itapuranga: Trata-se do terceiro maior meteorito já encontrado no Brasil. Por estar em um país tropical, seu processo de corrosão é acelerado: dos seus iniciais 628 quilos, já se perdeu quatro.

Halita: Nada mais é do que sal de cozinha. Se exposta à umidade, a halita deliquesce, ou seja, torna-se líquida. É possível conter o processo com um controle de umidade e temperatura.

Prata: Assim que entra em contato com a luz, sofre oxidação e adquire uma espécie de capa preta. Se ocorrer raspagem na tentativa de eliminar essa capa, o mineral diminui e cria outra capa.

Crédito das imagens: Wikimedia

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br