ISSN 2359-5191

16/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 77 - Meio Ambiente - Pró-Reitoria de Pesquisa
Formação da Bacia do Paraná é analisada de forma detalhada
Estudo do Instituto de Geociências da USP levanta origem e data das rochas que formaram o local
Serra do Rio do Rastro concentra todas as unidades da Bacia do Paraná em apenas 17 km de estrada. / Fonte: Fernanda Canile

Pesquisa realizada pelo núcleo de apoio à pesquisa Geodinâmica de Bacias Sedimentares e implicações para o potencial exploratório da Universidade de São Paulo (Geo-Sedex) aprofunda estudo sobre a formação da Bacia do Paraná. Material extraído da Coluna White, na região da Serra do Rio do Rastro (SC), tem origens mais diversas do que apontavam estudos anteriores.

A região próxima à cidade de São Joaquim foi escolhida por abranger rochas de toda a bacia em um trecho bastante curto e por ter sido a primeira a ser descrita. Foram recolhidas amostras de rochas do local e zircões detríticos (tipo de mineral com alto teor de urânio, metal pesado utilizado na datação das rochas) ao longo de 17 quilômetros de estrada de 11 diferentes unidades na tentativa de entender como se deu a formação ao longo do tempo.

Sabe-se que Brasil e África eram porções próximas por conta da correlação entre materiais fósseis e rochas. No entanto, a pesquisadora Fernanda Canile aponta que é importante continuar fazendo pesquisa sobre a Bacia do Paraná pra que a gente saiba como os continentes estavam realmente ligados e ter uma ideia da reconstrução do Gondwana.

Estudos anteriores já tinham datado algum material sem abordar todas as unidades e apontavam a direção de onde veio o material, mas sem especificar quais. Para isso, ela – sob orientação da professora Marly Babinski – utilizou dois diferentes métodos. No primeiro deles, através do urânio e do chumbo, foi possível datar cada zircão. Enquanto que com técnicas mais avançadas, por meio dos isótopos de oxigênio e háfnio, Canile foi capaz de identificar se a rocha da qual o zircão partia foi formada num magma juvenil ou se era originado de um retrabalhamento de rochas. Assim, um método complementou o outro e foi possível distinguir zircões de mesma idade, mas provenientes de origens diferentes.

As bacias sedimentares são formadas pela erosão de materiais de terrenos altos em seu entorno que são depositados lá. “Foram encontrados materiais vindos da África e do sul da América do Sul, hoje correspondente à Argentina, enquanto estudos anteriores apontavam que somente havia terrenos altos na porção a leste da bacia”, afirma. Canile ainda identificou zircões de estrutura arredondada, o que indica que eles foram transportados pela água, quando se acreditava que somente o vento teria trazido material origem vulcânica da região sul.

Quanto à região do embasamento da bacia, isto é, a porção de rochas onde o material começou a se acumular, foram encontrados zircões de 1,8 bilhão de anos (de idade semelhante a zircões vindos da África), mas que não batiam com nenhuma região próxima. Por conta disso, Canile e Babinski acreditam que o material foi originado de uma montanha que virou sedimento.

O fato de a pesquisa ter sido a primeira detalhada na área fez com que não houvesse meio de comparação, porque os estudos anteriores não ofereciam dados sobre a Bacia do Paraná. Contudo, ela também ofereceu muito material a ser analisado por pesquisas futuras.

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