A partir do desafio de construir um automóvel leve e seguro ao mesmo tempo, o pesquisador da Escola Politécnica, Anderson Lima, criou a estrutura do carro por meio de simulações computacionais de impactos e, a partir disso, avaliou as possíveis lesões dos ocupantes. Esse automóvel se destaca dos demais veículos compactos e leves já criados pelo mundo porque atende às regulamentações de segurança das Nações Unidas, que é a norma mais aderida pelos países. Por ter esse peso, poderia simplesmente ser considerado um quadriciclo e não se preocupar com esses requisitos. Os resultados dessa pesquisa foram reunidos em uma tese de doutorado, recentemente defendida.
Lima explica que um carro pequeno desse tipo é uma boa opção para a atualidade: “A gente verifica que as vagas para carros em estacionamentos e garagens residenciais estão cada vez mais apertadas. Seria um carro para o dia-dia: você vai do trabalho para casa, vai no mercado fazer compras”, diz. O automóvel é para dois passageiros, tem bagageiro para coisas pequenas e é movido à eletricidade gerada por baterias. Além disso, no local de dois veículos padrão caberiam três desse leve, o que é uma economia de espaço e energia. Essa consciência de que um carro leve é mais prático e traz vários benefícios não é nova, mas a tese anuncia que é possível desenvolvê-lo com foco em segurança.
Para realizar as simulações virtuais e a otimização da estrutura, o pesquisador utilizou uma técnica pouco comum na indústria, a metamodelagem. Em linhas gerais, ele consegue com esse método criar funções de aproximação (metamodelos) para cada tipo de impacto e índices de lesões. Por exemplo, há uma função que diz que se ele diminuir a espessura de determinado componente de 5 milímetros para 3 milímetros o ocupante apresentará uma lesão de tal maneira. “Não preciso demorar um dia de simulação para ter a resposta, em questão de segundos já a tenho”, diz. Dessa forma, foram realizadas simulações que serviram para observar o quanto de energia de impacto seria passada para o ocupante, já que a estrutura leve e “light” não conseguiria absorver tudo. Nesse mesmo sentido foram projetados equipamentos como airbags e cintos de segurança mais eficientes.
Segundo Lima, “é bem provável que esse projeto vá existir”. A ideia, agora, é construir um protótipo. Pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP já fizeram o design externo do carro e pretendem fazer o design interno. É inclusive uma intenção do engenheiro que o carro seja usado para futuros trabalhos multidisciplinares de aprimoramento dentro da Universidade, unindo design e diferentes engenharias, por exemplo.