Na Faculdade de Odontologia da USP, um grupo de pesquisa se dedica a um ramo pouco conhecido da odontologia: a Odontologia do Esporte. Entre os projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos pelo grupo, destaca-se a confecção de protetores bucais e faciais para atletas – estejam eles dentro ou fora da Universidade, atuando de forma profissional ou não.
A Clínica de Odontologia do Esporte, assim como o restante das clínicas da FOUSP, é um serviço subsidiado pela Universidade e disponível ao público. Para a confecção dos protetores bucais, é necessário que o atleta ou o time compareça à clínica para que um molde de gesso de sua arcada dentária seja feito. Depois, o protetor em si é feito através do preenchimento do molde com líquido. O atendimento é gratuito – o custo do material do protetor, no entanto, fica a cargo do paciente.
Os protetores confeccionados são individualizados, o que os difere daqueles vendidos em lojas de materiais esportivos. O molde dos arcos dentais do paciente garante que o protetor se encaixe nos dentes de forma confortável e absorva o máximo possível do impacto causado pela prática esportiva. Além disso, esse tipo de protetor tende a ser preferido pelos atletas por não interferir na fala ou respiração.
A pesquisadora Neide Coto destaca a importância do trabalho desenvolvido pelo grupo: “A gente acaba fazendo o trabalho de extensão, que é um dos pilares da universidade”. Além do serviço prestado à comunidade, o grupo também executa um trabalho de pesquisa acerca do uso de protetores bucais no esporte dentro da USP. A ideia é expandir a conscientização sobre o assunto através de palestras e material informativo.
Segundo a Associação Americana de Odontologia (ADA), um terço de todos os traumatismos bucais está relacionado com práticas desportivas. A mesma associação estima, ainda, que o uso de protetores bucais pode evitar mais de 200 mil lesões dentais e faciais por ano. No entanto, é notável a negligência em relação ao uso dessa proteção.
No Brasil, o uso obrigatório do protetor está presente no regulamento oficial de esportes como o boxe, mas a regra tende a ser reforçada apenas em competições ou em categorias profissionais. O ideal é que essa preocupação se estenda ao esporte amador e às outras categorias esportivas que não são lutas – o uso de protetores bucais é benéfico em qualquer esporte de contato, como o handebol, o basquetebol ou o futebol.
O grupo destaca que, apesar da sua produção de protetores ser majoritariamente direcionada a times universitários, ela não se limita a eles. Além disso, a Clínica de Odontologia do Esporte se dedica ao atendimento de quaisquer casos que envolvam esse setor da odontologia, inclusive lesões ou traumas decorrentes da prática esportiva. O atendimento de casos diversos é favorável tanto aos pacientes quanto aos profissionais, que ao mesmo tempo trabalham na área de pesquisa.