ISSN 2359-5191

05/08/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 97 - Meio Ambiente - Instituto de Geociências
Pesquisador do IGc analisa comportamento do lençol freático em parte do Aquífero Guarani
Estudo pode ajudar na extração de águas subterrâneas na região central de São Paulo
Localização da área estudada pelo pesquisador. Na legenda, SAG significa Sistema Aquífero Guarani. Fonte: Lucas Sato.

Diversos municípios do Estado de São Paulo fazem a captação e o tratamento de águas subterrâneas para o abastecimento de suas populações. Duas cidades localizadas na região central do Estado são exemplos disso: em Araraquara, são extraídos aproximadamente 35 mil metros cúbicos de água, por dia, em 12 poços de captação subterrânea existentes, segundo dados do DAAE da cidade (Departamento Autônomo de Água e Esgotos). Já o município de São Carlos possui 28 poços profundos de onde a água é retirada para abastecimento público, de acordo com o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto).

Para que a exploração das águas subterrâneas seja feita da maneira mais eficiente possível, é necessário que se tenha conhecimento de como elas se comportam na região de interesse. Sabendo disso, o pesquisador Lucas Sato desenvolveu, em seu trabalho de conclusão de curso, dois mapas potenciométricos, ou seja, mapas que medem o nível do lençol freático em uma parcela do Aquífero Guarani. Ambos foram criados com base em métodos da geoestatística aplicados ao estudo realizado na região Sul dos municípios de Araraquara e São Carlos.

O aquífero que foi investigado pelo pesquisador do Instituto de Geociências é formado por partes que estão confinadas abaixo de outras rochas, e também por porções que podem aflorar à superfície e formar, inclusive, rios — estes são chamados de aquíferos livres. Como o comportamento da água é bastante diferente em cada uma dessas partes, o estudo focou-se apenas no aquífero livre, que é diretamente influenciado pela altitude à qual está localizado e, consequentemente, pela maneira que ocorre a infiltração das águas da chuva na área.

Para iniciar sua pesquisa, Lucas utilizou alguns dados a respeito de poços profundos da região que foram fornecidos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), localizado dentro da Cidade Universitária. Além disso, pelo aquífero livre culminar na formação de rios, também foram usadas informações obtidas via satélite e provindas do site da USGS (sigla do Serviço Geológico dos Estados Unidos) para o cálculo da altitude do terreno nestes locais onde a água aflora.

Com todos os dados já existentes em mãos, o pesquisador realizou estimativas, através de métodos geoestatísticos, para os pontos que ainda não tinham valores conhecidos. Tais metodologias utilizadas levavam em consideração a distância entre um ponto amostrado e outro, além das informações sobre o nível da água e também sobre o comportamento do lençol freático ao longo das diferentes direções — algo que é influenciado diretamente pelas altitudes registradas.

O pesquisador explica que há, hoje, softwares capazes de realizar cálculos parecidos com os que foram feitos por ele em seu trabalho, porém sem a sensibilidade do geólogo, indispensável para se fazer os ajustes necessários durante o processo. “Essa investigação não precisava ser feita do jeito que fiz, há maneiras mais práticas e rápidas de se fazer e o êxito também seria alcançado, mas talvez não com o mesmo refinamento”, afirma Lucas.

Além disso, a pesquisa se mostra importante não só por analisar o comportamento das águas subterrâneas na região, mas também por testar métodos que não costumam ser utilizados na hidrogeologia — o que abre novas possibilidades de caminhos a serem trilhados por outros pesquisadores da área daqui para frente.

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