ISSN 2359-5191

22/08/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 107 - Arte e Cultura - Escola de Comunicações e Artes
A cultura ainda vive na América Latina
As mídias alternativas tentam dar visibilidade à produção cultural
Chefes da tribo dos Kaiapós durante uma entrevista / Fonte: Wikimedia Commons

Desde 2008 até final de 2015 foi o tempo que Dennis de Oliveira, pesquisador e professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, usou para fazer a investigação do potencial futuro de experiências de mídias alternativas em países da América Latina. Os países escolhidos foram Brasil, Argentina, Colômbia e Equador.

O projeto pretende analisar a cobertura em periódicos impressos alternativos. Os jornais estudados são Brasil de Fato, América Latina en Movimiento (Equador), Cambio (Colômbia) e Página 12 (Argentina). Segundo Oliveira, eles foram escolhidos “porque são veículos impressos que tem também edições online e tem uma certa periodicidade regular”.

Brasil de Fato, segundo a Wikipedia, é um jornal semanal, lançado durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em 25 de janeiro de 2003, por movimentos populares com circulação nacional.

América Latina en Movimiento é “um órgão de comunicação internacional, comprometido com o pleno exercício dos direitos humanos, a igualdade de género e a participação dos cidadãos no desenvolvimento e assuntos públicos na América Latina”, segundo da publicação.

Cambio foi uma revista colombiana sobre a atividade sociopolítica e econômica. Fundada sob o nome de Cambio 16, foi mais tarde vendida e rebatizada como Cambio em 1998 por Gabriel García Márquez e outros parceiros. Em 2006, a revista foi vendida para Casa Editorial El Tiempo, dono do jornal El Tiempo. Em 2010 foi a sua última edição.

Pela sua parte, Página 12 é publicado desde 1987 e é um jornal semanal, de centro-esquerda e progressista. Sua tiragem é de 23 mil cópias que saem todos os domingos.

O que todos tinham em comum é cobertura cultural de seus países enquanto outras mídias menos alternativas não, como forma de promover a diversidade cultural que outros jornais da América Latina tentam esconder. Qual é o porquê de isto? Segundo Dennis de Oliveira, o entrave à promoção da diversidade cultural reside em três aspectos: situação histórica de grupos sociais excluídos, como indígenas e afrodescendentes; dificuldade em promover autonomia diante dos interesses dos grandes conglomerados globais de produção cultural; e o fato das experiências de mídia alternativa terem um componente de enfrentamento político-ideológico.

“Qualquer expressão artístico-cultural tem uma dimensão política, pois implica em sinalizar significados e conteúdos publicamente, na ‘pólis’, na esfera pública”, afirma Oliveira.

O surgimento das redes sociais pode ser considerado, também, como uma mídia alternativa favorável para a população. Porém, pode ter contraindicações, pois as pessoas ficam superexpostas à tanta informação. Dennis de Oliveira considera que “as redes sociais podem ser usadas por diversos segmentos e grupos com interesses distintos, e existe uma ‘inflação’ de informação que acaba equiparando informações de relevância publica, verídicas, com informações cujo objetivo é o denuncismo, o interesse privado, a verossimilhança e não a veracidade, entre outros”.

 O “jornalismo cidadão” é um elemento chave no surgimento das redes sociais. “O que ocorre é a possibilidade de qualquer pessoa possa informar publicamente pelas redes sociais sem necessariamente ter a exata noção da responsabilidade social desta ação. E esta situação é apropriada de forma oportunista por muitos profissionais da comunicação que se nivelam por esta condição, isto é o mais grave”, afirma. “Por outro lado, a apropriação desta ferramenta por segmentos sociais subalternizados tem possibilitado experiências novas de organização e disseminação de informações muito importantes, furando, em determinados momentos, o monopólio da mídia”, explica.

Voltando aos jornais, o pesquisador acha que as atividades realizadas “deram para ter uma ideia inicial como, por exemplo, que estes periódicos alternativos se pautam pela defesa de bandeiras democráticas para povos historicamente oprimidos. Defendem direitos humanos e civis para camponeses, indígenas e afrodescendentes, entre outros”. Mas assegura que a intenção é “ampliar o escopo do estudo e incluir outras mídias e outros países”. 

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