ISSN 2359-5191

06/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 74 - Sociedade - Paço das Artes
Exposição na USP retrata enfoque sociopolítico da arte

São Paulo (AUN - USP) - Cadeiras e bancos de madeira maciça sustentados por objetos de vidro, fotografias produzidas com linhas e alfinetes e vídeos sarcásticos. A profusão de meios e influências marcam a arte contemporânea brasileira. É com o objetivo de traçar um panorama geral da arte atual que o Paço das Artes expõe, na USP, até o dia 30 de novembro, a mostra “Por um Fio”, reunindo 22 obras de 17 artistas diferentes.

A exposição aborda os grandes problemas do mundo e do homem, mas também reflete, em metalinguagem, os desafios da arte dos nossos tempos: “a arte produzida em nossos dias vem mais e mais voltando as suas atenções para os aspectos sociopolíticos da existência humana”, esclarece a curadora Daniela Bousso.

A diversidade de meios, como vídeo, fotografias, objetos, instalações, performances, é fruto das várias influências recebidas hoje por artistas contemporâneos, como afirma Daniela. Segundo ela, o Dadaísmo, o Surrealismo e o Modernismo do começo do século são revestidos, atualmente, de uma camada existencialista.

Ela cita o filósofo Gilles Deleuze para explicar a necessidade do artista em expressar os dramas e questionamentos cotidianos, quando ele “afirma que o sujeito é o conjunto de relações diferenciais da percepção consciente que acontecem no espaço-tempo e que alma e corpo expressam uma coisa só: o mundo. Assim também é a arte, ela expressa as suas urgências”.

Diferentemente das principais correntes da arte dos anos 1980 e 1980, a curadora acredita que atualmente o principal é o conteúdo, e não a forma como ele é abordado: “Hoje, há uma profusão da arte voltada para uma vertente que privilegia o social e não a forma”.

Trajetória

A exposição é uma parceria do Paço das Artes com o Espaço Cultural CPFL, em Campinas, interior de São Paulo, onde esteve exposta anteriormente. Reúne obras de artistas que se destacam na produção atual, como André Parente, filho de Letícia Parente, pioneira da vídeoarte nos anos 1970, com o vídeo “Na arte, nada se perde nada se cria, tudo se transforma”.

Estão presentes na mostra também o vídeo “Desmemorias”, de Giselle Beiguelman, o vídeo sarcástico “Auto- retrato do artista contemporâneo”, de Ernesto Neto, além de três fotografias da série “Cárcere”, de Vik Muniz, feitos com linhas e alfinetes, entre outros.

Serviço

A exposição “Por um Fio” fica em cartaz no Paço das Artes, na Avenida da Universidade, 1, Cidade Universitária, São Paulo, de terça a sexta, das 11h30 às 19 horas, sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 17h30. A entrada é gratuita. Mais informações no site www.pacodasartes.org.br.

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