ISSN 2359-5191

14/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 80 - Economia e Política - Pós-Graduação Interunidades em Integração da América Latina
Integração Sul-Sul é melhor opção para livrar países em desenvolvimento do “pecado original”

São Paulo (AUN - USP) - Sim. Os países em desenvolvimento cometeram o pecado original, mas isso não envolve maçã nem jardim do Éden. Pecado original (original sin) é a denominação que a professora Bárbara Fritz, da Universidade Livre de Berlim, emprega para identificar os países que se endividaram com alguma moeda estrangeira forte, particularmente o dólar. O Pecado Original seria uma taxa que daria uma dimensão do nível desse endividamento, perpetuado basicamente por questões históricas envolvendo anos de colonialismo.

No estudo de Bárbara, apresentado em palestra do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam) na Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA), surgem duas alternativas para esses países, geralmente de economias pouco diversificadas e mais suscetíveis a volatilidade dos fluxos de capital, voltarem triunfantes ao "Éden". A primeira seria uma integração com países já desenvolvidos, no que Bárbara denomina Integração Norte-Sul. Seria a melhor opção, mas está indisponível para a maioria dos países devedores, já que os países desenvolvidos só teriam desvantagens no processo. Uma das exceções seria o caso da União Européia aceitar países menos desenvolvidos economicamente sob sua tutela.

A segunda melhor opção, segundo Bárbara, seria uma Integração Sul-Sul, que seria alcançável para a maioria dos países com níveis altos de Pecado Original. Essa integração ajudaria em teoria uma desdolarização dos países participantes. Ainda assim, os custos de coordenação de tal opção são muito altos.

No caso de uma tentativa de Integração Sul-Sul, ela identifica três possíveis estágios em que esse conjunto de países pode se encontrar. O primeiro estágio seria o de “Não-cooperação”, em que há uma grande falta de compromisso entre os membros. Eles apenas pediriam ajuda aos parceiros em casos de choques extra-regionais ou em situações extremas. Bárbara identifica o Mercosul como um dos exemplos desse caso.

O nível intermediário, segundo a professora, seria o de “Cooperação”, em que já haveria uma estabilização do câmbio intra-regional. Exemplos desse nível seriam a CMA (Common Monetary Área), que tem a África do Sul como país de menor nível de Pecado Original, e a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático). O nível maior de Integração seria alcançado com a instituição de uma moeda comum e um desenvolvimento financeiro regional.

Para alcançar um nível satisfatório de desdolarização e desenvolvimento regional independente, Bárbara afirma que são essenciais algumas conquistas básicas: uma moeda âncora regional, o apoio de uma instituição financeira regional multilateral e a existência de políticas coordenadas. A ausência desses fatores impossibilitaria uma Integração Sul-Sul e deixaria fechadas as portas do Éden econômico para esses países maculados pelo Pecado Original.

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