São Paulo (AUN - USP) - O Brasil começa a surgir como potência econômica e política dentro do cenário mundial. Essa é a constatação feita por especialistas que atuam na área de comércio exterior, dentre eles Alexandre Silva, atual presidente do Conselho de Administração da Amcham (Câmara Americana de Comércio). “Só se a gente fizer muita besteira o Brasil não será uma mega-potência”, afirmou durante o Seminário de Relações Internacionais: Brasil-Estados Unidos que ocorreu na primeira semana de março deste ano na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), em São Paulo.
A estabilidade econômica é um dos fatores que atrai investimentos estrangeiros e chama a atenção para o Brasil. Em janeiro deste ano as reservas internacionais brasileiras chegaram ao recorde de US$ 187,5 bilhões de acordo com o Banco Central, o que possibilitou a passagem consideravelmente tranqüila pelas crises do mercado financeiro. Outro aspecto que colabora para a estabilidade é o fato do Brasil ter parceiros externos diversificados que, individualmente, não são capazes de afetar a economia.
Com relação às oportunidades de negócio com os Estados Unidos, importante mercado a ser explorado por empresas nacionais, Alexandre acredita que “o Brasil ainda é muito fechado”. Atualmente o número de transações externas entre os dois países gira em torno dos 22% da receita brasileira, mas essa participação poderia ser muito maior segundo o representante da Amcham. Economias como a do Chile, do México e de alguns países asiáticos alcançam um índice de aproximadamente 60%.
Empresas mundiais têm se preocupado em penetrar em mercados de países em desenvolvimento como a América Latina, pois o ritmo acelerado dessas economias faz com que o crescimento salte em média 10% ou mais em relação ao de seus mercados de origem. O capital externo é aplicado de diversas maneiras: na fabricação de produtos locais para o atendimento do mercado doméstico, na área de serviços, entre outras. Para Alberto Pfeifer, Diretor Executivo do Ceal (Conselho de Empresários da América Latina), o Brasil tem se destacado nesse meio, principalmente, por seu potencial energético.
A crise de energia que estudiosos prevêem com o fim do petróleo e que está em pauta constantemente na grande mídia, afeta a maior potência econômica que é os Estados Unidos. Uma das alternativas energéticas seria o etanol, produto em que o Brasil é pioneiro no mercado. “Um dos aspectos [do Brasil] que o diferencia de outros países é a energia e o meio ambiente” apontou o diretor.