São Paulo (AUN - USP) - O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, apesar de bem estruturado, apresenta algumas deficiências devido ao alto número de usuários. Uma parceria entre o hospital e a Escola Politécnica da USP analisa e aplica estratégias para melhorar os serviços de diferentes áreas da instituição a partir da metodologia Seis Sigma. Quatro projetos serão finalizados no próximo mês e outros 12 serão escolhidos para dar continuidade à iniciativa. Já foram implantadas melhorias em dois laboratórios e nos serviços de atendimento e de tratamento de água.
Seis Sigma é um método de seis etapas para a otimização de processos muito utilizados em empresas de manufaturas, porém ainda pouco conhecido na área de serviços, principalmente em saúde. Cada projeto corresponde a um ciclo completo do Seis Sigma, que consiste em: definir um problema, medir a situação inicial, analisar as variáveis que podem ser responsáveis pela deficiência, implementar melhorias a fim de reduzir defeitos e, por fim, controlar para assegurar os resultados. Ao fim do ciclo, a situação é calculada para verificar o ganho, seja financeiro ou em qualidade. Os quatro projetos iniciais estão na última fase do método.
Uma das áreas trabalhadas foi o serviço de atendimento, na qual foi diagnosticada dificuldade de comunicação entre os médicos e os especialistas dos laboratórios; vários médicos não tinham informações precisas sobre os exames oferecidos pelo hospital. O problema foi trabalhado a partir de diversos questionários. Outra atuação foi nos laboratórios de hematologia e de análise de magnésio da urina, o objetivo era aumentar a precisão dos resultados dos exames. Os avaliadores das lâminas foram treinados a partir de imagens, para terem parâmetros melhores ao fazerem julgamentos. É uma área de muita responsabilidade, pois o exame determina se o paciente está doente ou não e qual tratamento deve ser feito.
Um grupo analisou ainda a distribuição de água para as máquinas do hospital, cuja qualidade havia piorado. Foi detectado que, por serem muito utilizados, os filtros ficavam sobrecarregados antes da data prevista pela manutenção corretiva e, eventualmente, paravam de funcionar. Isso causava transtornos às atividades do hospital. O problema foi estudado para que a manutenção preventiva, mais rápida do que a corretiva, fosse feita na época certa. Os projetos já apresentam melhoria em suas áreas.
A parceria teve início em maio do ano passado, com o treinamento de 30 profissionais do hospital, entre eles médicos e farmacêuticos. Professores do Departamento de Engenharia de Produção ensinaram estatística, ferramenta básica para o Seis Sigma, e deram a licença de um software para aplicá-la. “Os profissionais logo se animaram com o método”, conta a professora Marly Monteiro de Carvalho. A parceria deveria acaba neste em maio, mas devido ao incêndio no hospital em janeiro, será prorrogada até agosto. Segundo a professora Marly, nos próximos meses será feito um treinamento com nove chefes de setores do próprio hospital para que eles possam dar continuidade ao programa após o término da parceria.