São Paulo (AUN - USP) - Pesquisa desenvolvida com pacientes com seqüelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) comprovou a eficiência de um programa de atendimento fisioterapêutico baseado em exercícios domiciliares diários e num manual detalhado para consulta das atividades. Os 20 pacientes que participaram do estudo apresentaram melhoras motoras e a redução dos custos com o tratamento foi relevante.
O Acidente Vascular Cerebral é uma doença neurológica que acomete, em geral, adultos e ocupa o primeiro lugar em freqüência e importância dentre as patologias deste tipo. Estima-se que o AVC seja fatal em um terço dos casos; contudo, quando o indivíduo sobrevive, pode apresentar comprometimentos motores, sensoriais, de compreensão. O grau da seqüela depende da área do sistema nervoso lesada.
O trabalho dos professores Maria Elisa Piemonte e Paulo Lotufo e da aluna Tatiana Oliveira, fundamenta-se no fato de que quando o sistema nervoso sofre alterações ou lesões – o AVC é uma delas – ele se reorganizará de modo a recuperar as funções perdidas que desempenhava. Entretanto, a constituição dessa nova ordem está diretamente relacionada às demandas que o ambiente faz ao cérebro. Em outras palavras, só é possível uma reabilitação quando há estimulação constante e específica (em tipo e quantidade) do sistema nervoso.
Segundo a professora Maria Elisa, o atendimento proposto por essa pesquisa tem dois pontos que a diferenciam dos demais programas fisioterápicos: a diminuição dos custos para o paciente e o aumento da compreensão dos exercícios devido ao manual elaborado.
Os programas de estimulação convencionais exigem idas constantes às clínicas de fisioterapia. Para tanto, o indivíduo que procura tratamento precisa de um acompanhante com grande disponibilidade de horários e ambos despendem quantias consideráveis com o transporte. Muitas vezes, essas duas dificuldades se impõem e ocorre a desistência.
Entretanto, os experimentos comprovaram que exercícios eficazes podem ser realizados na própria casa do paciente com objetos baratos, tais quais, bola, elástico, faixa elástica, prendedor de roupas, massa de modelar e jornal. A avaliação do paciente é feita a cada quinze dias no início da terapia e, ao longo do processo, este tempo pode aumentar para um mês. Sendo assim, os custos de locomoção caem.
No que se refere ao manual explicativo, a inovação está em sua dinamicidade e adaptabilidade ao problema do paciente. Outras publicações na área de reabilitação mostraram-se ineficientes, pois não discriminavam exercícios e progressões para os vários tipos de seqüela. Já o documento produzido pelos pesquisadores possibilita a diferenciação dos exercícios e de graduações de execução dependendo do tipo de estímulo desejado pela avaliação do fisioterapeuta.
“Trata-se de uma política de inclusão social”, afirma a Maria Elisa. Mas, salienta que, apesar de o programa facilitar o tratamento a distância, a participação do profissional de Fisioterapia é indispensável tanto para a avaliar a seqüela e para determinar os exercícios, quanto para incentivar o paciente à execução do programa durante o processo de reabilitação.