São Paulo (AUN - USP) - A Epidermólise Bolhosa é uma doença rara e se trata de um conjunto de doenças bolhosas de caráter hereditário que se caracterizam por uma fragilidade cutânea com formação de bolhas aos mínimos traumatismos. Todas têm em comum bolhas de conteúdo claro ou sanguinolento localizadas na pele ou em mucosas. O envolvimento da cavidade bucal é, dependendo do subtipo, manifestado por bolhas e úlceras na mucosa bucal, língua e palato e, por anomalias na formação dentária, fazendo com que seja fundamental o acompanhamento por um cirurgião-dentista.
As primeiras manifestações surgem ao nascimento ou logo após, em áreas de pressão ou trauma, como mãos, pés, joelhos, cotovelos e coxas. As lesões podem também ter secreções e sangue. As unhas podem estar ausentes ou espessadas e lesões mucosas orais, esofágicas e anais podem existir. Lesões de couro cabeludo e alterações dentárias são observadas. Anemia e desnutrição podem ocorrer secundárias aos problemas de alimentação, que muitas vezes se desenvolvem nestes pacientes.
Medidas gerais de proteção aos traumas cutâneos e curativos com antibióticos (sulfadiazina de prata, ácido fusídico, mupirocina, neomicina e outros) são necessários. Os cuidados especiais com os dentes envolvem o uso de escovas muito macias e de dispositivos que fazem a higiene bucal através de jatos de água. Em função das lesões da mucosa oral e esofágica podem ser necessárias dietas pastosas e complementações vitamínicas e de ferro para combate à anemia.
José Carlos Pettorossi Imparato, mestre e doutor em Ciências Odontológicas pela Universidade de São Paulo (USP), afirma em sua pesquisa sobre epidermólise bolhosa em crianças que “A sintomatologia das úlceras dificulta a higiene bucal, favorecendo o acúmulo do biofilme dentário, presença de doenças periodontais (de gengiva) e evolução das lesões cariosas, bem como a alimentação prejudicada, favorecendo a desnutrição. As dificuldades no atendimento e no tratamento odontológico do paciente portador de epidermólise bolhosa são conhecidas”.
Um modo de tratamento odontológico é a cirurgia com implantes imediatos e um modelo de prototipagem do próprio paciente. O Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (CAPE) da Faculdade de Odontologia da USP, já realizou esse tipo de procedimento. A prototipagem é uma cópia fiel da estrutura óssea do paciente realizada através de uma tomografia, ao contrário da moldagem comum – com um tipo de gesso especial – que causa bolhas infecciosas no paciente.
A epidermólise causa a formação de uma mandíbula hipodesenvolvida, complicando a colocação de próteses, pois estas causam ferimentos ainda maiores no epitélio. Geralmente, entre a colocação de implantes e de próteses há um intervalo de seis meses, a cirurgia possibilita uma ativação imediata, pois os dois procedimentos são realizados de uma só vez, o que evitar a submissão de pacientes a maiores riscos de lesões bolhosas e complicações infecciosas.