ISSN 2359-5191

16/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 54 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Suplementação nutricional vira alimentação principal

São Paulo (AUN - USP) - A suplementação nutricional vem tendo seu caráter complementar desvirtuado, passando ao papel de alimentação principal, o que provoca desequilíbrios de nutrientes. Isso, segundo o pesquisador Antônio Herbert Lancha Júnior, deve-se à desinformação da sociedade quanto a esse instrumento nutricional atrelado a um busca por modelos corporais.

A suplementação nutricional se tornou um fenômeno de escala internacional, visto que 20% dos adultos do mundo ocidental fazem uso desse recurso, segundo pesquisa do The Cochrane Collaboration, uma instituição que estuda cuidados com a saúde. As dimensões que esse fenômeno alcançou, porém, vêm promovendo uma mudança de caráter desse instrumento nutricional, que se deslocou para o status de alimentação essencial.

Antes destinadas apenas a pessoas com deficiências alimentar, Lancha Júnior, que leciona na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP), acredita que esse fenômeno tenha com germe a cultura de adoração de modelos corporais. Isso provocaria, segundo o professor, uma busca por recursos não-naturais que ajudassem na obtenção do corpo escultural, pois as pessoas acreditam que isso só acontece rapidamente de forma artificial.

Essa procura demasiada pelo corpo escultural faz com que não raras vezes as pessoas, principalmente jovens, confundam suplementação nutricional com a chamada “bomba”. Apesar de ambas atuarem na síntese de tecidos e estruturas, a Suplementação pára na resposta fisiológica, enquanto a bomba responde farmacologicamente.

A bomba é apenas um recurso estético, o qual, além da beleza corporal, pode acarretar em irritabilidade e agressividade do usuário. Por outro lado, a suplementação nutricional se dirige à adição de nutrientes essenciais ao corpo, mas a demanda é maior que o consumo desse nutriente, e seus benefícios variam de acordo com o nutriente adicionado. Quanto ao uso desse instrumento nutricional para fins estéticos, Lancha Júnior preferiu não fazer julgamentos morais, ressaltando que o importante é a aplicação desse recurso de forma responsável.

Contudo, essa responsabilidade não se verifica na prática das academias de musculação, tendo em vista que as pessoas abusam dos suplementos nutricionais e “acabam consumindo coisas que poderiam conseguir só com a alimentação”, conforme Lancha Júnior. Há uma desinformação tanto do instrutor quanto do consumidor de nutrientes, o que pode gerar inclusive vício quando o acompanhamento da suplementação é irresponsável.

Para o professor Lancha Júnior, as pessoas precisam ter em mente que a suplementação nutricional apenas traz melhorias se houver carência, e não deve ser utilizado de forma aleatória. Antes de optar por esse recurso alimentar é preciso investigar bem como e o que suplementar.

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