ISSN 2359-5191

15/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 71 - Meio Ambiente - Instituto Butantan
Índios da Amazônia fazem apelo pela preservação do seu povo

São Paulo (AUN - USP) - Um grupo de representantes indígenas do Vale do Javari participou dos seminários da Semana do Meio Ambiente do Instituto Butantan e Rádio Eldorado e fez um apelo: os índios estão morrendo e sua cultura está se perdendo.

Localizado no estado do Amazonas, o Vale do Javari é a segunda maior terra indígena do país e obteve contato pela primeira vez com os brancos há menos de 50 anos. Desde então, perdeu mais de dois terços de sua população em decorrência das doenças que esse contato trouxe – gripe, hepatite, tuberculose, meningite.

Os índios da região procuram manter suas tradições vivas. Vivem de caça, pesca, plantam para subsistência. São nômades para preservar a natureza. “A gente não pode viver muito tempo no mesmo lugar para não esgotar os recursos. É preciso dar um tempo para a natureza se recuperar”, diz um dos representantes indígenas.

Lideranças indígenas do Vale do Javari se reúnem todo ano para discutir assuntos relacionados à sua preservação, e um grupo de representantes viaja o mundo levando sua causa. Descrevem a situação que estão vivendo como calamitosa, e dizem que todo dia morre alguém na comunidade, inclusive crianças, vitimados por doenças ou por desnutrição. Segundo eles, sua cultura está se perdendo, porque os pajés, que têm o dever de ensinar os mais jovens, não têm mais tempo para isso, cercados de tantos problemas; nem os novos têm tempo de praticar o que aprendem; também não há mais festas e celebrações. Até mesmo o suicídio está sendo praticado ali.

Além disso, reivindicam serviços básicos, como esgoto, saúde e educação. Reclamam do abandono pelo governo, apesar de eles prestarem um serviço para o país ao proteger a área de fronteiras, expulsando traficantes estrangeiros; também defendem a Amazônia da exploração ilegal dos seus recursos, muitas vezes perdendo a própria vida nas mãos de traficantes. “Nós damos a nossa vida por vocês. Vocês são todos sangue do nosso sangue.”

Os índios também estão preocupados com o desmatamento da Floresta Amazônica e pedem que a sociedade aja com mais responsabilidade, pensando no futuro e nas conseqüências das suas ações. “Estamos clamando”, dizem, “não só pela nossa vida, mas pela vida do mundo”. E alertam para a sua situação: “Daqui a 20, 30 anos, não haverá mais índios no Vale do Javari. Isso será uma vergonha para a sociedade brasileira.”.

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