São Paulo (AUN - USP) - Em um momento em que diversas mudanças ambientais e sociais agitam as discussões sobre o espaço e a sociedade atual, São Paulo recebe o 15º Encontro Nacional dos Geógrafos. O evento bienal acontece entre os dias 22 e 26 de julho, e uma das razões para ter vindo esse ano a São Paulo — o último foi em Rio Branco, Acre — foi a proximidade entre a Associação Brasileira dos Geógrafos (AGB), que organiza o evento, e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. A entidade tem sede e a estrutura oferecida pela própria faculdade, que deverá abrigar também parte do evento.
Quem aponta essa proximidade é o presidente da entidade, Edvaldo César Moretti, que destaca o evento como o mais importante da área de Geografia no país. “A produção da Geografia nacional é divulgada e debatida neste evento. É muito tradicional e muito esperado pelos geógrafos.” Além de proporcionar a aproximação entre todos as pessoas que têm produção nessa área, ele oferece a oportunidade dos geógrafos se posicionarem em relação aos diversos temas que mobilizam a agenda nacional.
A atual crise na produção de alimentos, que preocupa todo mundo além do Brasil, é exemplo desses grandes assuntos que serão discutidos no evento, ao ser tema de mesa-redonda no dia 23. A transposição do Rio São Francisco é outra polêmica em debate, que contará com a ilustre participação de Aziz Nacib Ab’Saber, um dos mais importantes geógrafos do país. Também será organizado um grupo de trabalho para discutir este tema.
Além dessas discussões, Moretti destaca no evento a palestra de encerramento com o geógrafo italiano Massimo Quaini, autor do livro “Marxismo e Geografia”. Essa obra, publicada em 1979, criticava a representação que a Geografia tradicional fazia da realidade, e propunha uma nova fundamentação interdisciplinar para a ciência. Deste modo, o presidente da AGB destaca que ela foi fundamental em movimento de ruptura e renovação pelo qual passou o pensamento geográfico no final dos anos 70. O próprio tema do encontro faz menção a esse processo, que na AGB implicou em uma mudança em sua estrutura, tornando-a mais democrática.
As atividades do evento serão divididas em torno de cinco eixos temáticos: “cidade/urbano”, “campo/rural” “pensamento/geográfico”, “natureza/meio ambiente” e “educação”. Além das mesas-redondas e grupos de trabalho, haverá o espaço de discussão onde serão analisados os trabalhos enviados para o encontro, de acordo com os eixos temáticos. Também foram propostos 22 trabalhos de campo para o encontro, que vão desde a agricultura camponesa em São Paulo à presença do Hip Hop nas ruas da metrópole. Ainda serão realizadas oficinas, e haverá lançamento de livros e exposições relacionadas a área da Geografia. As inscrições para o evento já estão encerradas desde o começo do ano.