São Paulo (AUN - USP) -Com o crescimento econômico do Brasil, torna-se cada vez mais evidente a necessidade da criação de novas fontes de energia. Essa energia irá fomentar a produção nos conglomerados industriais, movimentar os centros comerciais e dar conforto às residências. Para suprir essa demanda, os governantes brasileiros propuseram, recentemente, a construção de novas usinas hidrelétricas, termoelétricas e nucleares no país.
Esses meios de produção energética, além de serem demasiadamente caros, ainda agridem ferozmente o meio-ambiente. Contudo, no Brasil, ainda são poucos os incentivos ao uso de fontes de energia alternativa. Durante a Semana do Meio Ambiente USP, o engenheiro eólico, Roberto Alves, disse que “a energia eólica é a melhor alternativa para o país”, pois além de ser a fonte menos poluente, ela é fácil de ser instalada e está disponível em quase todos os cantos do Brasil.
Em julho deste ano, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, lançou um projeto que visa, nos próximos 50 anos, construir 60 usinas nucleares, com um potencial de 60 mil megawatts. Esse programa será submetido à aprovação do Conselho Nacional de Política Energética. Essa alternativa energética é muito cara, apesar disso, o governo brasileiro tem insistido em sua implantação com a construção da Usina Nuclear Angra 3, que custará cerca de R$ 8 bilhões aos cofres públicos. Além disso, segundo Alves, “a produção dessa energia é ambientalmente inviável”, pois conta com a geração de resíduos atômicos, que se armazenados de maneira incorreta podem ser responsáveis por graves acidentes.
Enquanto a energia nuclear supre apenas 14% da demanda nacional, as usinas hidrelétricas são responsáveis pela produção de 83% da energia elétrica consumida no Brasil. As usinas hidrelétricas apesar de serem menos danosas ao meio ambiente, ainda, estão longe de serem consideradas fontes de energia limpa. As represas artificiais formadas pelas barragens dos rios ocasionam graves impactos sócio-econômicos, como a expulsão de cidades, povoados e florestas e a perda de solos cultiváveis. Ainda, as barragens podem interferir na dinâmica dos rios, causando verdadeiros desastres ecológicos.
Segundo o engenheiro eólico “a melhor solução para diminuir os impactos sócio-ambientais, é a produção de energia descentralizada, como a instalação de turbinas eólicas e placas fotovoltaicas nas residências, prédios e indústrias”. Para ele, a energia eólica enfrenta uma barreira cultural e “as pessoas acreditam que ela seja muito cara, mas, se a compararmos com as outras energias, vemos que isso não é verdade”.
Dados colhidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a criação do Atlas Eólico do país afirmam que o Brasil possui um potencial eólico capaz de produzir dez vezes mais energia que a Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das maiores do mundo. Ainda assim, nem 1% desse potencial energético é aproveitado. Para os brasileiros se conscientizarem da “importância do uso de energias limpas para a preservação do mundo, não basta a instalação de uma turbina eólica, é preciso mudar hábitos culturais, e só dessa forma alcançaremos a sustentabilidade energética”, conclui Alves.