ISSN 2359-5191

26/12/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 152 - Saúde - Faculdade de Medicina
Doenças são problemas na Amazônia em ano de turismo

São Paulo (AUN - USP) - A região da floresta Amazônica passa por um aumento na incidência de algumas doenças nos últimos anos, isto na véspera de um evento que pretende incentivar o turismo na região. É isto que apontam dados apresentados por Mariana Quiroga, médica que trabalha em Santarém, no Pará, em palestra realizada na Faculdade de Medicina da USP.

Em 2009, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, entidade internacional que reúne os países que possuem trechos da floresta, realiza o “Ano do destino Amazônico”, que visa atrair até três milhões de turistas para a região. Porém, a questão da saúde pode dificultar a vida dos viajantes.

A grande maioria dos municípios da Amazônia Legal brasileira possui somente pequenos postes de atendimento. Existem apenas 131 unidades de saúde de alta complexidade, capazes de realizarem procedimentos mais complicados, enquanto quase 20% das cidades têm apenas um médico e 30% não contam com nenhum.

A média de leitos por habitante é de 2,14 para cada mil, a menor do país. Quiroga afirma ainda que a “vacina dentro da região ainda é precária”, o que dificulta mais o controle.

Dessa forma acaba acontecendo na região a proliferação de algumas doenças, como a malária. Dos 400 mil casos em média registrados por ano no país, 99,99% acontecem na Amazônia, que possui 82 municípios com alto risco de contaminação da doença.

Outra que preocupa é a dengue, que teve um aumento de quase metade dos casos na região norte, onde está a maior parte da floresta Amazônica, apesar de no país registrar uma queda de 10%. Com isso a média de contaminação é de 227 em cada cem mil habitantes e os municípios de Santarém e Paragominas, região metropolitana de Belém, estão em situação de risco.

Também é considerada problemática a leishmaniose. A região tem uma infra-estrutura de abastecimento precária, o que leva muitas famílias a recorrerem à água de rios, que podem transmitir a doença. Assim quatro em cada dez casos no país acontecem na Amazônia.

Algumas doenças também são perigosas devido a sua capacidade de gerar surtos localizados. A doença de chagas é uma delas, uma vez que pode ser transmitida pelo consumo do açaí, muito tradicional na região e já causou surtos recentes. A raiva também já passou por períodos de rápidas disseminações, registrando casos em 2004 e 2005.

Mesmo doenças com atenção especial no resto do país enfrentam problemas na Amazônia. É o caso da Aids, que vêm passando por um aumento considerável, apesar de sua incidência estar caindo no Brasil como um todo. Outra é a febre amarela, que chamou a atenção no surto que ocorreu no país no ano passado e na Amazônia ainda é uma questão endêmica.

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