São Paulo (AUN - USP) -Mais de cem anos após a publicação da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, ela ainda é uma das mais populares visões da ciência moderna e foi fundamental no desenvolvimento da energia nuclear. No entanto, o seu mecanismo ainda é pouco compreendido pelo público. Em sua dissertação de mestrado apresentada recentemente no Instituto de Física da USP, o pesquisador Juliano Silva Neves procura solucionar um dos mais fascinantes fenômenos cosmológicos propostos por Einstein: os buracos negros.
“A Teoria da Relatividade é importantíssima, mas outros cientistas depois de Einstein desenvolveram e modificaram essa teoria com novas descobertas. A Física Quântica, que foi rejeitada por Einstein, é um exemplo. Hoje estamos estudando a Teoria das Cordas, que sugere a existência de dez dimensões no Universo”, explica o pesquisador. A Teoria das Cordas foi proposta na década de 20 pelo matemático alemão Theodor Kaluza e pelo físico sueco Oskar Benjamin Klein e indica que as dimensões invisíveis são minúsculas. O trabalho de Neves usa o modelo de “Universo Brana”, um modelo teórico multidimensional que permite analisar os buracos negros matematicamente.
“A Relatividade pode ser considerada uma Teoria Geométrica da Gravitação. Através dessa geometria básica é possível chegar a soluções complexas em relatividade, como o cálculo dos buracos negros”, afirma Neves. A teoria de Kaluza e Klein, que procurava unificar o eletromagnetismo e a gravitação, propõe a existência de uma quarta dimensão espacial, do tamanho da constante de Planck , totalmente não-observável. Apesar de não poder ter a existência provada experimentalmente, essa quarta dimensão funciona perfeitamente nos cálculos matemáticos.
O Conceito de Brana, proposto pelos cientistas americanos Isa Randall e Raman Sundrum, utiliza essas dimensões extras, mas com tamanho 16 vezes maior que a constante de Planck. Neves se orientou pelas duas teorias e analisou as equações que determinam um buraco negro de simetria esférica. Os buracos negros podem ser definidos como corpos de energia gravitacional tão intensa que absorvem a luz, não podendo assim serem observados diretamente. Utilizando a constante cosmológica nas equações de Einstein e técnicas avançadas de cálculo, o pesquisador conclui que a geometria dos buracos negros dependem desta constante cosmológica. “É dificílimo explicar para o público leigo os cálculos envolvidos neste trabalho, mas posso afirmar que acho belíssima a matemática envolvida para explicar esse fenômeno tão interessante que são os buracos negros”, conclui Neves.