São Paulo (AUN - USP) -Vêm ganhando importância nos últimos tempos os cuidados médicos que as pessoas devem ter antes de viajar. Planejar as vacinas necessárias e atentar para doenças que podem ser contraídas nos percursos ou nos locais visitados é uma tarefa da chamada medicina de viagem, uma especialização da área.
A questão atrai diversos médicos que têm se dedicado a estudar e trabalhar em formas de melhor garantir uma viagem segura aos pacientes. “Acho que dentro de pouco tempo seremos uma área da medicina”, diz Jaime Luis Lopes Rocha, ex-professor da Universidade Federal do Paraná e dono de um consultório exclusivo para viajantes.
Como forma de estudar mais a fundo o tema, Rocha e outros participaram de um simpósio recente realizado na Faculdade de Medicina da USP com o intuito exclusivo de debater a medicina de viagem em seus diversos aspectos. Entre outros assuntos, se colocou a importância da vacinação dos viajantes.
As vacinas se dividem em três tipos de necessidade, para os quais o médico deve orientar seus pacientes. A obrigatória é aquela que é requisitada por organismos internacionais do setor, e hoje abrange apenas a imunização contra febre amarela quando o viajante vai estar em alguma área de risco.
Outro tipo são as vacinas de rotina, aquelas que constam do calendário básico da saúde pública, como sarampo e tétano, mas que ganham importância em viagens para áreas mais afastadas, nas quais o acesso a elas é difícil. Por último há ainda as vacinas recomendadas apenas para viajantes, das quais a mais importante é a da Hepatite A, doença que atinge três em cada mil turistas.
Um outro problema comum com viajantes é a diarréia, que atinge de 30% até 60%, número que na América Latina chega a dois em cada três viajantes. Rocha recomenda que se atente principalmente para a qualidade da comida consumida nas viagens, já que não há uma vacina única que previna o problema. Devido a importância da medicina de viagem, o Ministério da Saúde já discute o tema. Um grupo criado pela Secretaria de Vigilância em Saúde vêm estudando formas para criar uma política de saúde para viajantes, com o estabelecimento de normas e procedimentos para otimizar a vacinação dessas pessoas.
“Não temos um atendimento igualitário porque dependemos dos técnicos” diz o representante do Ministério da Saúde, Cristiano Gregis, que completa defendendo a criação de normas técnicas. Segundo ele, até janeiro as recomendações do ministério estarão prontas.