São Paulo (AUN - USP) - Um computador cerca de 128 vezes mais rápido que uma máquina convencional. Assim é o equipamento que está sendo montado pelo Grupo de Interação Fluído-Estrutura e pelo Grupo de Dinâmica dos Fluídos-Computacional do Departamento de Eng. Mecânica da Escola Politécnica da USP. Esta nova facilidade agilizará a realização dos muitos projetos desenvolvidos pelos dois grupos, possibilitando a resolução de cálculos complexos em um curto período de tempo. “A diferença é de 10 a 20 dias para apenas algumas horas”, explica o professor Fábio Saltara, integrante dos grupos.
O aumento da velocidade no processamento dos cálculos será resultante do trabalho conjunto dos 128 processadores presentes no novo computador. Como numa linha de montagem, um cálculo complexo é dividido em muitas partes simples, cada qual resolvida por um dos processadores. Tal trabalho é necessário para a análise tridimensional do escoamento de fluidos, tanto água como ar, ao redor de aeronaves e estruturas marítimas e oceânicas, como plataformas de petróleo. Com as máquinas atuais, só é possível a realização rápida do cálculo bidimensional de tais sistemas, o que impõe grandes restrições aos pesquisadores.
A necessidade da análise do escoamento de águas está nos danos que isto pode trazer às estruturas que circundam. Estas estruturas podem ser tubos que transportam o petróleo do seu ponto de retirada às plataformas, ou mesmo equipamentos hidromecânicos de usinas hidrelétricas. “Estes danos podem custar muito caro às empresas”, afirma o professor Júlio Meneghini, um dos coordenadores dos grupos junto com o professor José Augusto Aranha e Clóvis Martins. Por isso a necessidade da previsão e da prevenção.
Para tanto, o computador estará ligado ao tanque de provas numérico (TPN), um simulador de estruturas flutuantes para a exploração de petróleo e gás em ambientes marítimos, inaugurado em fevereiro deste ano, no Departamento de Engenharia Naval e Oceânica. Este tanque, o primeiro do mundo, é totalmente digitalizado e livre de limitações físicas.
O custo estimado da aquisição está em 400 mil reais. No entanto, serão adquiridos outros equipamentos que somam quase 190 mil dólares. A isto se inclui também a construção de um laboratório de 350m², cujas obras já podem ser observadas junto ao prédio da Mecânica. Segundo o professor Júlio, os projetos desenvolvidos são destinados a empresas como a Petrobrás e a Voith-Siemens. A FAPESP, a FINEP/ CTPETRO e o CNPQ/CTPETRO são patrocinadoras das compras dos equipamentos computacionais e laboratoriais, além da obra do novo laboratório. A Embraer também está em vias de assinar um projeto de pesquisa conjunto com os grupos citados nesta reportagem.