São Paulo (AUN - USP) - No Brasil, nem todos os atletas recebem orientações sobre preparação física e é necessário alertá-los sobre a importância dos exames para uma adequada prescrição de treinamento. É o que afirma Newton Nunes, especialista em Reabilitação Cardiovascular pelo Instituto do Coração (InCor), que recentemente ministrou a palestra “Fisiologia do exercício em praticantes de academia e atletas de elite: aspectos fisiológicos e bioquímicos” para alunos de pós-graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
Muitas pessoas não sabem, por exemplo, que a queda da frequência cardíaca, conquistada por quem faz exercícios físicos regulares, pode levar à morte se for muito acentuada. Segundo Nunes, o coração do atleta ejeta muito sangue arterial, rico em oxigênio, e o seu corpo fica “alimentado” desse gás por mais tempo do que o de um indivíduo sedentário. Assim, o seu coração tem que bater menos vezes, o que poupa o organismo e melhora a sua qualidade de vida. Contudo, um coração que apresenta menos de 50 bpm (batidas por minuto) pode parar durante o sono. Nunes explica o processo da seguinte forma: o coração para de bater por um período de tempo cada vez mais longo noite após noite. Num desses “cochilos” do coração, o indivíduo pode morrer. No entanto, Nunes afirma que esse tipo de ocorrência não é muito comum em atletas em geral e que o componente genético tem um fator preponderante. Para atletas que corem esse risco, recomenda-se a diminuição na intensidade e no volume de treinamento físico. “Exercícios físicos são recomendáveis para a saúde de qualquer pessoa”, comenta, “mas o esporte de alto rendimento não é para todo mundo”.
Algumas das avaliações da performance de praticantes de praticantes de exercício físico são o teste de esforço e o teste ergoespirométrico. O primeiro é realizado com a ajuda da esteira. A duração ideal da caminhada é de 10 minutos tanto para jovens quanto para idosos, para que a avaliação não seja amena nem severa demais para a idade do paciente. Responsável pelo Banco de Dados do Condicionamento Físico do InCor, Nunes conta que mais de 90% das avaliações que realiza no Instituto são feitas na esteira. Já o teste ergoespirométrico mede o Quociente Respiratório (QR), isto é, a relação entre a produção de gás carbônico (CO2 ) e o consumo de oxigênio (O2). Quanto mais baixo esse quociente, mais eficiente é o gasto calórico do atleta.
Nunes ressalta a importância do conhecimento dos aspectos fisiológicos e bioquímicos do exercício físico pelo profissional de Farmácia. “É essencial que o farmacêutico tenha uma visão ampla e abrangente da sua área e há vários estudos científicos que relacionam a Química com o exercício físico”, comenta. Em sua dissertação de Mestrado e tese de Doutorado, pela Escola de Educação Física e Esporte da USP, Nunes utilizou a fenilefrina e nitroprussiato de sódio para avaliar o miocárdio, isto é, a parte média da parede do coração, após o exercício. A fenilefrina causa o aumento da pressão e queda da frequência cardíaca, em quanto o nitroprussiato proporciona o efeito contrário. As duas drogas são utilizadas para avaliar o sistema circulatório.