São Paulo (AUN - USP) - Do nome indiano que significa “caminho da verdade” nasceu a operação que iria dividir opiniões Brasil e lançar mais uma vez o nome dele na mídia. Delegado da Polícia Federal, que se tornou protagonista de sua própria investigação, Protógenes Pinheiro Queiroz foi o líder e idealizador da operação Satiagraha que indiciou e prendeu o banqueiro Daniel Dantas. Em evento, na Faculdade de Direito da USP, ele declarou que por meio da visibilidade do escândalo nos meios de comunicação brasileiros, a população brasileira agora tem consciência da gravidade do cenário político do Brasil. “Nós erradicamos o analfabetismo político no Brasil”, garantiu.
“Eu rachei o Brasil ao meio!”, afirmou no último dia 22. De acordo com ele, em um desses lados se colocam os corruptos do país, enquanto do outro, está a grande massa de trabalhadores “que trabalham diariamente por uma país melhor”. Dentro do primeiro grupo, o delegado colocou políticos de diversos partidos e veículos de comunicação reconhecidos nacionalmente, como a revista Veja, e todos aqueles que, segundo ele, defenderam e protegeram o “banqueiro, bandido, condenado” Daniel Dantas. Graças a Protógenes, no fim do ano passado, Dantas havia sido condenado a dez anos de prisão por tentativa de suborno.
Ele acredita veementemente que desde o escândalo do mensalão até prisão de Dantas a grande massa de trabalhadores brasileiros ganhou maior consciência da situação política no Brasil. “Por isso que não só fui chamado para vir aqui, mas também em cidades do interior e do nordeste. A população está consciente e esperançosa”, disse ele. Não obstante, Protógenes lamenta direção que a fábula Satiagraha tomou.
Afastado do comando da operação desde Julho de 2008, Protógenes Queiróz foi indiciado em março desse ano por abuso de autoridade e violação de sigilo funcional. Ficou ainda mais conhecido pelo caso das interceptações telefônicas ditas ilegais. Por meio de uma destas, surgiram as provas que incriminaram o “banqueiro, bandido e condenado” Daniel Dantas.
Foi criada então a CPI dos Grampos, destinada a investigar a conduta de Protógenes e de mais quatro escrivães na Operação Satiagraha. Esse foi o preço pago por ele, pivô da luta contra a corrupção brasileira.O delegado, no entanto, demonstrou-se tranqüilo quanto às acusações. “Não houve nenhuma violação.”, garantiu. “As leis nunca devem ser desrespeitadas. Os fins nunca devem justificar os meios”.
Protógenes declarou, ainda, que nos encontramos em meio a uma batalha pelo futuro brasileiro, mas que acredita que, por meios legais, o “lado correto” irá vencer. Sobre a possibilidade da criação de um tribunal especial para os corruptos, ele afirma que a saída não é bem essa. “A corrupção não é um problema sistêmico. A saída seria uma reforma na legislação para que haja punição aos corruptos”, respondeu.