São Paulo (AUN - USP) - “A educação do indígena no Brasil passa por sérios problemas e necessita uma reforma prática. Hoje, a educação escolar do indígena é um fracasso”. A afirmação é de Dominique Gallois, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH). No entanto, a professora vê alguns sinais de evolução na educação dos índios. Ela afirmou que, nos últimos cinco anos, a produção cultural de autoria deles aumentou drasticamente.
Em palestra sobre a questão indígena na própria FFLCH, ela disse que a escola é imposta ao índio sem que se considerem os seus costumes e os métodos de aprendizagem de sua cultura.
Dominique também falou que a legislação é excelente, mas que a realidade é outra coisa, já que há uma grande dificuldade em lidar com a cultura indígena. Para ela, ainda parte-se do princípio que o nosso conhecimento e os nossos métodos são universais e, por isso, aplicamos a tudo e a todos. “Não existe conhecimento universal algum. Nós é que estamos acostumados a pensar que o nosso é o modelo, é o único.”
A palestra, realizada pelo Centro Universitário de Pesquisas e Estudos Sociais da USP (Ceupes), também teve a participação do professor Andrei de Souza, que falou que o Estado vê a questão indígena como problema e considera os índios como “crianças históricas”, por isso é difícil lidar. Outro problema para a adaptação da cultura indígena ao sistema, segundo Andrei, é que os índios são tidos como incapazes politicamente e têm pouquíssima representatividade no governo.