ISSN 2359-5191

15/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 35 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Pesquisadores investigam potencial de microalgas como fonte de energia renovável

São Paulo (AUN - USP) - O professor Ernani Pinto, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, é o vice-coordenador de um grupo de pesquisadores que explora uma possibilidade de utilização sustentável das microalgas: a produção de biodiesel. O projeto, coordenado pelo professor Cláudio Martin Pereira de Pereira, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), estuda os lipídios produzidos pelas microalgas para a avaliar o seu potencial como fonte para a produção do combustível renovável.

A pesquisa, fomentada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), investiga quais são as microalgas que possuem esse potencial de utilização. Para tanto, são estudadas tanto a qualidade dos lipídios nesses organismos quanto a sua porcentagem em relação a outros tipos de nutrientes presentes nas algas, como proteínas e açúcares. Depois de avaliar a quantidade e a qualidade desses lipídios, realiza-se uma comparação entre as microalgas e outros materiais que podem ser usados na produção de biocombustível, como a soja e o óleos de origem animal ou vegetal. “A finalidade é avaliar a viabilidade econômica da nossa proposta de usar as microalgas para produção de biodiesel em grande escala”, explica o professor.

A equipe da qual Ernani faz parte trabalha com microalgas marinhas e, sobretudo, de água doce. A pesquisa começou em janeiro de 2009 e já foram encontradas cinco cepas de cianobactérias que têm potencial para serem utilizadas na produção de biodiesel. Em seguida, avaliarão as formas e os custos de transpor sua descoberta acadêmica para a realidade da produção industrial. Se o capital usado para a produção de biodiesel feito com microalgas exceder os gastos com outras fontes como a soja, não valerá a pena levar essa novidade para as fábricas. “Essa etapa da pesquisa é a mais longa e trabalhosa”, observa o professor, “mas estamos progredindo bem”. No fim deste ano, os pesquisadores planejam realizar testes em larga escala para verificar a viabilidade econômica do empreendimento.

Ernani explica que o diesel de fonte animal ou vegetal é rico em ésteres de ácidos graxos. Os lipídios se parecem estruturalmente com os hidrocarbonetos, pois ambos possuem cadeias de carbono semelhantes. Contudo, pela presença do glicerol em sua cadeia, sua eficiência é reduzida. Torna-se necessário quebrar a ligação com o glicerol e, para isso, é realizada a transesterificação. O processo consiste, basicamente, na reação entre o lipídio com um álcool e catalisadores para aumentar a velocidade do processo. Os produtos da transesterificação são ésteres de ácidos graxos, o biodiesel, e também a glicerina.

Além da possibilidade de produção de biocombustível com microalgas, o grupo de pesquisadores investiga também as toxinas produzidas por esses organismos em reservatórios de água e o uso de algas e microalgas para a produção de cosméticos.

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