São Paulo (AUN - USP) - “Estamos com uma grande questão na mão: a crise de identidade editorial do jornalismo cultural”. Que serviços oferecer? Como apresentar novos “produtos”? O caderno cultural do jornal diário consegue detectar novas tendências?

Sylvia Colombo, editora do caderno “Ilustrada” da Folha de S. Paulo, acredita que não. Segundo ela, hoje, por exemplo, há muitos cantores que seguem “correntes” totalmente diferentes e é difícil detectar o próximo a “estourar”. Em palestra aos alunos de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, ela falou que há um “efeito boiada” na cobertura cultural. Quando uma publicação como o The Guardian publica um novo artista, jornais do mundo inteiro também o fazem. “Os editores têm medo de errar. Se os jornais internacionais dão (a notícia) sobre aquele cara, porque eu não vou dar?” A jornalista é radicalmente contra esse efeito. “Mas isso também é um dilema, um desafio. Não sei se vou conseguir evitar totalmente”.

Há uma dificuldade em saber o que oferecer. “Temos que agradar todos os públicos. Se um dia demos o julgamento do site Mininova, no outro dia colocamos uma reportagem com o Erasmo Carlos na capa”. Segundo a editora, a saída é mesclar os interesses dos diferentes públicos que consomem seu produto, desde o jovem até o perfil mais conservador.

“A especialização faz a diferença na hora de ingressar num caderno de cultura”, é a dica da editora àqueles que desejam entrar na área. De acordo com a própria Sylvia, a área mais subjetiva do jornalismo é o cultural. Ela acha que é impossível esconder os gostos pessoais na hora de escrever sobre determinado cantor, por exemplo, mas especializar-se nessa área jornalística é uma saída para esses impasses.