São Paulo (AUN - USP) - “O Cotidiano Infantil Violento: Marginalidade e Exclusão Social” é o mais recente livro publicado pelo LAPIC, o Laboratório de Pesquisas sobre Infância, Imaginário e Comunicação (ECA/USP) e aborda questões do imaginário infantil no contexto da violência na sociedade contemporânea. A obra foi organizada pela professora Elza Dias Pacheco, fundadora do LAPIC. Os autores dos capítulos são profissionais de áreas multidisciplinares, como Medicina, Psicologia, Educação, História, Direito e Comunicação.
A maioria dos textos é resultado das conferências de um evento promovido pelo LAPIC há quase dez anos, o II Simpósio Brasileiro de Televisão, Criança e Imaginário. Mas as temáticas continuam muito atuais, como a midiologia subliminar e a influência da televisão na construção da personalidade moral, criminalidade infantil e políticas públicas; violência e escola, drogas, AIDS, exclusão social, trabalho infantil e educação.
A professora Maria Aparecida Baccega diz que essa obra analisa múltiplos aspectos e faz uma ampla contextualização da violência, abrangendo a sociedade como um todo, com “a inter-relação entre os fatos e acontecimentos, a história das relações de dominação e de exploração”. A publicação procura atualizar aspectos deste debate com a inserção de novos artigos produzidos por membros do LAPIC, como o capítulo “Reflexões sobre a violência: manifestações na mídia e implicações no universo infanto-juvenil”.
O enfoque das pesquisas do LAPIC é a recepção infantil associada a mediações culturais. Analisa a representação que a criança faz do que é transmitido pela televisão pela ótica da própria criança. Conforme Claudemir Edson Viana, pesquisador do núcleo: “É evidente que a violência física ou simbólica afeta mais quando é em casa, entre os pais do que quando a criança assiste uma reportagem na TV”.
A estrutura do inconsciente infantil é levada em consideração pelas pesquisas, assim como o formato e a linguagem da mensagem, o conjunto de símbolos, metáforas, mitos e mensagens subliminares transmitidas. Para Claudemir, “Não há uma relação direta de causa e efeito entre o que a mídia transmite e a criança recebe”.
Além de compreender as preferências e desejos de consumo das crianças, de acordo com a professora Elza Dias Pacheco, o LAPIC busca “delinear e desvendar as representações da infância no universo da cultura e do imaginário social, num território onde ficção e realidade se entrelaçam para dar origem a uma linguagem mítica expressa através da mídia”.