ISSN 2359-5191

21/09/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 59 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Estatísticas alertam para o perigo do tombamento de veículos

São Paulo (AUN - USP) - Nas estradas, os acidentes que envolvem veículos pesados costumam ser frequentes e graves. O tombamento lateral é um acidente típico desses veículos, principalmente em curvas horizontais de menor velocidade. Estatísticas internacionais mostram que 60% das mortes em acidentes de caminhão são decorrentes de tombamentos. As estatísticas brasileiras também apontam claramente a letalidade e gravidade desse tipo de acidente. Segundo o Datatran, programa da Polícia Rodoviária Federal, metade dos motoristas mortos nas rodovias federais brasileiras são caminhoneiros e a frota de caminhões representa apenas 7% da frota total de veículos.

Incomodado com a quantidade de acidentes envolvendo caminhões e ônibus nas estradas brasileiras, normalmente relacionados a tombamentos, o engenheiro Sérgio Ejzenberg decidiu como tema de seu Mestrado na Escola Politécnica da USP (EPUSP) “Os veículos pesados e a segurança no projeto das curvas horizontais de rodovias e vias de trânsito rápido”.

O estudo de Sérgio começou com a leitura e análise dos manuais técnicos para projeção de estradas e dos modelos de cálculo da instabilidade de veículos. Ele constatou que os manuais são feitos levando em conta apenas as características dos automóveis, sem considerar as diferenças de estabilidade entre esses e os veículos pesados. As estradas são projetadas com a preocupação de evitar o escorregamento de carros, mas não contemplam as necessidades dos caminhões nem sequer citam o problema dos tombamentos.

O tombamento lateral é instantâneo e, depois de iniciado, não pode ser corrigido. Ele não começa pela frente e, sim, pelo eixo traseiro, por isso na maioria das vezes o condutor é pego de surpresa. Curvas mais fechadas, em que a velocidade é menor, são onde mais ocorrem acidentes deste tipo. “Em algumas situações um diferencial de velocidade ínfimo, de 7km/h, pode colocar a nocaute um veículo pesado numa curva de 30km/h”, explica Sérgio, “os cálculos dos manuais não resolvem o equilíbrio de caminhões e ônibus, sujeitos a fenômenos não medidos e não previstos, que os levam a ter maior instabilidade em curvas”.

Com a pesquisa e métodos de cálculo adequados, o engenheiro conseguiu encontrar as equações básicas capazes de contemplar o fenômeno do tombamento e sua tese foi aprovada. Sérgio acrescenta que “o resultado do trabalho deve prosseguir no sentido de ajudar os órgãos que fazem a normatização técnica do Brasil a contemplarem esses fenômenos agora, numa revisão de manuais, para possa ser garantida a segurança dos veículos pesados em curvas”.

Já que não é possível construir estradas diferentes para cada tipo de veículo, o estudo aponta para o cálculo de velocidades limites, diferentes para automóveis e veículos pesados, que dêem uma boa margem de segurança para ambos. Nesse caso, a sinalização e a fiscalização, preferencialmente eletrônica, seriam essenciais. Para os projetos de novas estradas, mudam-se os critérios, deve-se pensar em uma geometria que não exija reduções extremas de velocidade pelos caminhões e evitar curvas muito fechadas. Sérgio também coloca como fundamental o treinamento de sensibilização para motoristas, que precisam se conscientizar da importância de respeitar a sinalização.

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