São Paulo (AUN - USP) - Existem provas científicas de que a prática de atividades físicas aumenta a expectativa de vida. Porém, os exercícios mais adotados por quem busca uma saúde melhor, como caminhada e corrida, não bastam para que idosos tenham maior longevidade e possam executar determinados movimentos no dia-a-dia.
Para o professor Carlos Ugrinowitsch, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, a condição essencial para a vida é evitar a perda de massa muscular com o envelhecimento. “Quem só anda e corre não preserva a massa muscular. Para não perder funcionalidade, pessoas com mais de 65 anos devem fazer mais que exercícios aeróbios”, afirma Ugrinowitsch. A funcionalidade depende da manutenção do nível de força muscular, que diminui naturalmente com o passar dos anos, em processo denominado sarcopenia.
Diversas pesquisas recentes buscam estudar doenças em que ocorre perda de massa muscular e, consequentemente, de força. Ao envelhecer, as fibras enfraquecem, tornam-se mais suscetíveis a danos musculares e demoram mais para se recuperarem. A missão de pesquisadores é desenvolver programas de exercícios que aumentem a funcionalidade dos músculos em idosos.
“Buscamos proporcionar uma vida saudável e autônoma ao idoso, sem nenhuma deficiência. No caso, deficiência é qualquer limitação para executar tarefas diárias, por mais simples que elas sejam”, explica Ugrinowitsch. O ser humano produz força, potência e resistência, que são ligadas ao tecido muscular. O envelhecimento faz com que as produções diminuam e o idoso passa a fazer menos atividades físicas, o que aumenta suas deficiências. A ocorrência de quedas de idosos durante o banho, por exemplo, é altamente relacionada à perda de força, pois ela diminui a densidade mineral óssea no ser humano. Para o professor, esse ciclo deve ser interrompido com exercícios físicos.
“Duas semanas na cama podem ocasionar perda de 5% do volume muscular em uma pessoa idosa. Primeiramente, é importante realizar qualquer tipo de exercício, desde pendurar uma roupa no varal a subir escadas. Depois, pode-se procurar uma atividade específica para evitar a perda de massa”, conclui Ugrinowitsch. Em sua publicação mais recente o professor estudou pessoas de 72 anos que não fizeram nenhuma atividade física durante cinco anos e outras que se exercitaram dois anos e depois pararam. Mesmo após três anos de sedentarismo, a massa muscular estava 15% maior em relação ao início dos estudos. No outro grupo, que se manteve inativo durante todo o período analisado, houve queda de 12% de massa, provando que, independente da frequência, o importante é dedicar alguns momentos à prática de exercícios.