ISSN 2359-5191

17/12/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 98 - Educação - Instituto de Psicologia
Separação amorosa faz parte do processo de individuação feminina

São Paulo (AUN - USP) - Separação amorosa pode contribuir para o processo de individuação, ou seja, aquele em que, ao longo da vida, há o desenvolvimento da pessoa para que ela seja “ela mesma”, segundo a psicologia Junguiana. É o que aponta a tese de doutorado, Separação amorosa e individuação feminina: uma abordagem Junguiana em grupo de mulheres no enfoque da psicologia analítica, de Silvana Parisi.

Defendida no Instituto de Psicologia (IP) da USP, a pesquisa mostra que a separação é, apesar de um momento de crise pelo qual se passa, também um momento repleto de oportunidades para desenvolvimento e crescimento pessoal. Afinal, seguindo essa linha da psicologia, é justamente por meio de choques, embates internos e externos que a pessoa expressa sua verdadeira essência.

Durante dois meses, oito encontros foram realizados entre a psicóloga e um grupo de sete mulheres que haviam passado pelo processo de separação. Para a escolha das participantes, Silvana divulgou na Internet e pelo boca a boca. Diversas interessadas se candidataram, mas apenas aquelas que não eram viúvas e tivessem mais de 40 anos foram convidadas para uma pré-entrevista. Silvana preferiu as não-viúvas para sua pesquisa para que pudesse estudar a separação simbólica e não concreta, como ocorre na viuvez. Além disso, a psicóloga optou por mulheres nessa faixa etária por já apresentarem maior repertório em experiências amorosas, estarem passando pelo climatério e por muitas já terem filhos crescidos. “É um momento em que outras questões também podem dificultar ou piorar uma separação. É outra etapa da vida, que a gente costuma chamar de ‘crise da meia-idade’”, diz. O tempo de separação não foi determinante para a escolha das candidatas, o que se pedia, apenas, era que elas ainda sentissem dor – ainda que esta perdurasse já há muito tempo.

Nos encontros, foram feitos trabalhos simbólicos não totalmente dirigidos. Vivências dramáticas, leituras de contos e mitos, além de atividades plásticas – como trabalhar com panos, tintas etc. – colaboraram para que a psicóloga compreendesse a separação da experiência amorosa, atuando terapeuticamente. Sua pesquisa se baseia em um trabalho de intervenção e não apenas observação. Também se pode classificá-la como qualitativa e não quantitativa.

Após os seis meses em que foram feitas as atividades, a psicóloga realizou entrevistas individuais. “Todas sentiram que a experiência do grupo foi muito rica”, diz Silvana. Para elas, aquela era oportunidade de conhecer outras histórias, e até mesmo, ter um lugar para chorar. Depois dos encontros, a psicóloga notou que elas perceberam estar em um momento de reconstrução, de recuperação, de construção de uma nova vida, uma nova identidade. “O grupo se provou muito eficaz, mesmo sendo por pouco tempo”, considera a psicóloga, afinal, ele promoveu “o início de um trabalho de autopercepção, autoconhecimento, de dar outro enfoque sobre o que estava sendo vivido”.

Como resultado, a pesquisadora percebeu que a separação permite o encontro consigo mesmo desde que isso seja permitido. E considerou pontos que contribuem para o reconhecimento pessoal. Viver o processo de perda, procurar apoio – psicológico ou de amigas são alguns deles. “As mulheres podem se amparar nesse momento”, diz. A resignificação da perda, ou seja, perceber que a pessoa faz parte desse processo e não é apenas vítima e a reapropriação dos significados são também outras etapas para que a separação possa levar ao reencontro pessoal.

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