São Paulo (AUN - USP) - A porcentagem de fumantes no Brasil pode ter expressiva diminuição através de programas preventivos voltados para crianças de sete a quatorze anos. É essa medida que defende o doutor João Paulo Lotufo, pneumopediatra e coordenador do projeto antitabágico do Hospital Universitário da USP. Segundo ele, 30% dos jovens brasileiros com quinze anos já fumaram e essa estatística só será alterada se as crianças se conscientizarem dos problemas que o cigarro causa antes que elas o experimentem. Esse cuidado auxiliaria também a combater o alcoolismo e o envolvimento com outras drogas, uma vez que, estatisticamente, tabagistas têm mais chance de beber e muito mais chance de experimentar maconha.
Pensando nisso, o doutor Lotufo criou a iniciativa, “Doutores da Saúde”, que insere a campanha de prevenção ao antitabagismo no contexto escolar. Qualquer instituição de ensino, pública ou privada, pode receber o projeto. A parceria prevê palestras voltadas para os professores, que os mostram maneiras adequadas de abordar a temática do fumo em sala de aula. Um dos exemplos consiste em elaborar um exercício de matemática que peça para calcular o valor que um adulto fumante gasta por ano com cigarro. Para os alunos, é apresentada uma peça de teatro. O projeto piloto do teatro foi feito em dez escolas, que se tornaram ambientes livres de tabaco antes da lei. Este ano, o projeto conseguiu patrocínio e poderá se expandir.
Para o maior alcance da prevenção, também é fundamental que os médicos conversem com os pais de pacientes sobre cigarro durante consultas pediátricas. Filhos de fumantes têm mais chance de se interessarem pela droga, além de serem prejudicados pelo fumo passivo. Em 2004, uma pesquisa feita no HU revelou que 24% dos pacientes do pronto socorro entre 0 e 5 anos apresentavam cotinina, um derivado da nicotina, em seu organismo.
Um questionário respondido por 166 profissionais no Congresso Brasileiro de Pneumologia Pediátrica mostrou que apesar de pediatras em geral orientarem pais de pacientes a pararem de fumar, boa parte deles não sabe fazê-lo nem para onde encaminhá-los. De acordo com o doutor Lotufo, ainda há muito trabalho a ser feito.
Para saber mais sobre os “Doutores da Saúde”, o site é www.drbarto.com.br.