São Paulo (AUN - USP) - O grupo antitabagismo foi criado há nove anos para atender funcionários do Hospital Universitário (HU) da USP, mas atualmente é aberto a toda comunidade USP e ao público externo. Seu objetivo é acompanhar pessoas que resolvem parar de fumar. A cada mês, forma-se um novo grupo de trinta a quarenta pessoas, que precisam de auxílio para largar o cigarro.
São realizados quatro encontros de esclarecimento com o grupo. Quem os ministra é o médico João Paulo Becker Lotufo, idealizador do projeto. Através de slides e de conversas com os presentes, ele explica os problemas de saúde causados pelo cigarro e como funciona a dependência.
A média de idade dos que procuram apoio é de aproximadamente quarenta anos. Lotufo explica que é por volta dessa época que os malefícios do cigarro começam a ser percebidos, levando muitas pessoas a decidir parar de fumar. No ano passado, ele tentou realizar encontros só para alunos da universidade, mas no primeiro dia apenas quatro interessados apareceram – e dois deles eram da pós-graduação e tinham mais de 30 anos.
No início dos encontros, a enfermeira que acompanha o grupo registra a quantidade de cigarros que cada um fumou por dia durante a semana. Alguns não conseguem diminuições imediatas. Uma das mulheres que foi atendida apareceu dois anos depois no hospital para contar que finalmente tinha parado de fumar. Outros apresentam resultados surpreendentes: em março deste ano, um dos pacientes diminuiu de quarenta para dez cigarros diários logo na primeira semana. De qualquer modo, durante os encontros, é reforçada a ideia de que a decisão de parar de fumar e a busca por ajuda já são conquistas importantes no processo.
Após um mês de reuniões, eles continuam se reunindo por mais três meses no grupo de apoio, coordenado pela psicóloga Ednalva Cruz. O acompanhamento psicológico é fundamental, pois a dependência do cigarro não é só química, mas também emocional. A primeira pode ser tratada com o auxílio de medicamentos e adesivos de nicotina e costuma ser eliminada mais rapidamente do que a segunda.Como explica a psicóloga, é preciso descobrir qual representação o cigarro ocupa na vida de cada um e trabalhar essa fraqueza. Ele pode ser um companheiro, uma solução para a ansiedade e para a tensão, uma fonte de prazer, entre outros. Uma das pacientes contou que precisava fumar pelo menos um cigarro por dia, caso contrário, sentia que estava abandonando e traindo um amigo. Dependendo do caso, também são agendadas entrevistas individuais.
Por volta de 60% dos pacientes comparecem até a última reunião e, ao final, de 40% a 50% dos pacientes conseguem abandonar o vício, seguindo o padrão nacional.
Para saber mais sobre o programa, a equipe e sobre o tabagismo é possível acessar o site www.antitabagismo.hu.usp.br