São Paulo (AUN - USP) - Integração entre países da América Latina extrapola as leis de mercado e pode ser observada na comparação de mídias alternativas do continente. É o que traz o Centro de Pesquisa Latinoamericano sobre Cultura e Comunicação (CELACC) da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP). Coordenado pelo professor Dennis de Oliveira, o projeto pretende mapear as experiências de mídias alternativas em cinco países principalmente – Brasil, Argentina, Colômbia, Equador e Bolívia.
Para a pesquisa, foram escolhidas as seguintes publicações: Le Monde Diplomatique, Fórum, Brasil de Fato, do Brasil; Página 12, da Argentina; Cambio, da Colômbia; America Latina in Movimento do Equador e por fim, Díario Nacional da Bolívia.
O professor Dennis de Oliveira, também coordenador do CELACC desde 2004, afirmou que todo embasamento teórico da pesquisa segue os conceitos dos cinco filtros abordados pelo pesquisador Noam Chomsky. Dentre eles, o filtro da propriedade dos meios de comunicação, o do financiamento, dependência de fontes, linha editorial, e por fim o do próprio jornalista.
Para analisar os diferentes veículos, o centro de pesquisa leva em consideração seus projetos editoriais, as pautas escolhidas e quais foram seus recortes. O grupo analisa também as principais fontes escolhidas por essas publicações e qual seria a percepção social de cada jornal, baseando-se em depoimentos de seus editores responsáveis. Há ainda a observação da publicidade e da linguagem nesses veículos.
A pesquisa ainda está na sua fase inicial. O centro de pesquisa decidiu começar apenas com jornais impressos, pela maior facilidade de análise, “mas a ideia é ampliar”, diz o professor Oliveira. Os pesquisadores pretendem tornar o projeto em uma espécie de observatório de mídias alternativas na América Latina.
Recentemente, o projeto foi apresentado no 3º Simpósio Internacional de Comunicação e Cultura na América Latina, em que houve uma mesa exclusiva sobre mídia. O CELACC pretende montar uma rede com esses pesquisadores de outros países, como Equador e México.
O grupo ainda não tem um financiamento oficial e conta com um número reduzido de pessoas, uma média de seis a sete alunos de graduações diversas.