São Paulo (AUN - USP) - “É nas revistas que se pode fazer uma cobertura opinativa sobre um determinado assunto”, disse Isabela Boscov, editora de Cultura da Veja, em uma palestra sobre como se faz jornalismo nas revistas. A editora explicou que seus leitores não necessariamente acompanham o noticiário diariamente. Portanto, as reportagens devem conter as informações básicas a respeito do assunto, presentes nos jornais diários, mas não se limitar a isso. É importante que elas tenham um algo a mais, como a opinião de um especialista ou a do próprio jornalista.
A inserção de material opinativo faz parte da estratégia da Veja para manter a fidelidade de seus leitores e conquistar novos membros para esse grupo. “A missão da revista é fazer com que cada leitor se satisfaça com o seu conteúdo a cada edição”, disse Isabela. O consumidor se deparará com assuntos que normalmente não o interessariam, mas, se ele for atraído para a leitura dos textos e gostar do tema e da maneira como foi abordado, ele se tornará fiel àquela publicação. Tudo depende de como o jornalista faz o seu trabalho.
Ela ressalta a importância do papel do repórter como intermediário do público com as outras instâncias da sociedade. É fundamental que, ao apurar determinado assunto, o jornalista se coloque no lugar do leitor. Na apuração, “a humildade é um recurso inestimável”, apontou a editora. Essa qualidade leva o jornalista a fazer todo tipo de pergunta, da mais simples a mais complexa. Outra postura a ser adotada é mostrar interesse genuíno pelo tema. Com isso, a fonte se sentirá disposta a explicar detalhadamente o assunto e o jornalista estará apto para repassá-lo a seus leitores da melhor forma possível: a mais simples.
Edição começa na reunião de pauta
“A edição de texto é um processo que se desdobra em todas as etapas da produção jornalística, desde o planejamento até a execução”, apontou Isabela. Quando um tema surge na reunião de pauta, ele é lapidado até que se tenha um enfoque e fontes a serem contatadas. Durante a apuração, ele pode passar por um novo processo de edição: as informações adquiridas por meio de pesquisas e entrevistas podem levar à descoberta de facetas mais interessantes do assunto e mudar o viés da reportagem.
Com todos dados necessários em mãos, o jornalista está pronto para redigir sua matéria. Novamente, começa-se o processo de edição, com a hierarquização de informações e a seleção das palavras que serão utilizadas. Ao terminar o texto, é necessário revisá-lo, procurar e eliminar repetição de termos, ou pior ainda, de ideias. E o mais importante: certificar-se de que as palavras ganharam vida. Segundo a editora, uma boa reportagem deve sempre “ter vida”, ou seja, surpreender o leitor. Isso é feito através do flagra de um momento de destaque aliado a uma maneira inusitada de se contar o que aconteceu.
A última etapa da edição se dá no desenho das páginas da revista. Na diagramação, texto e imagem se unem para contar a mesma história. É preciso selecionar, dentre o conteúdo visual disponível, aquele de maior impacto, relevância e coerência com o que foi explicado nas matérias e uni-lo a elas de modo a garantir harmonia e atratividade às páginas. Isso chamará a atenção do leitor para as reportagens e, talvez, fará com ele se apaixone pela publicação.