São Paulo (AUN - USP) - Os bancos de dados eletrônicos para taxonomia estão cada vez mais acessíveis. Em maio foi publicada a Lista de Espécies da Flora do Brasil (floradobrasil.jbrj.gov.br), cuja elaboração foi coordenada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ela integra todas as listas de plantas existentes e foi revisada por especialistas. “Somente sabendo quais são as espécies podemos saber como evitar sua extinção”, diz uma das organizadoras do projeto, Lúcia Lohmann, professora de Sistemática Vegetal do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP).

Lohmann conta as mudanças trazidas por este avanço: “Antes da digitalização dos bancos de dados, a comunicação era difícil pois os cientistas trabalhavam em isolamento. A taxonomia não avançava, havia publicações duplicadas, o conhecimentos era subjetivo e não-cumulativo”, diz.

Existem no mundo 1,6 milhões de espécies conhecidas de seres vivos eucariotas, mas estima-se que existam mais de oito milhões desconhecidas. Acredita-se que no Brasil estejam 1/5 de todas elas. Contando apenas espécies de plantas, há cerca de 300 mil em todo o mundo e 40 mil no Brasil. “A maioria delas é muito pouco conhecida, e estima-se que haja cerca de dez mil espécies não documentadas”, diz a professora.

Entre 1950 e hoje, o homem destruiu 1/3 das florestas e inutilizou 1/5 dos terrenos agrícolas. Na opinião dela, os esforços voltados para a conservação não são suficientes: “ONGs, governos e universidades não têm consenso e as decisões são tomadas ao acaso”.

A diversidade da flora é muito importante para nós. 1/4 dos medicamentos em farmácias têm seu princípio ativo extraído de plantas. Além disso, os ecossistemas não funcionam sem plantas, pois todos dependem delas direta ou indiretamente como alimentos.