São Paulo (AUN - USP) -O documentário Rainhas foi apresentado recentemente no Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Arte (ECA). O filme acompanha a história de passistas do carnaval paulistano deste ano e foi criado pela aluna de jornalismo Dayanne Souza como trabalho de conclusão do curso.
Dayanne começou a filmar em outubro do ano passado, com apoio da TV USP, que ajudou com os equipamentos para a realização do trabalho. A estudante conta que se surpreendeu com o universo do samba na capital. Ela disse esperar encontrar um grupo de mulheres em busca da fama, mas encantou-se com a delicadeza e simplicidade das passistas, que freqüentam a escola por tradição e amor ao samba. “O filme assume que eu me envolvi com elas e acaba ficando honesto porque eu deixei isso muito claro”.
O documentário traz depoimentos da várias passistas, dando destaque às mulheres da Rosas de Ouro, que venceu o carnaval de 2010. Mostra também as escolas Acadêmicos do Tucuruvi, Imperador do Ipiranga e Mocidade Alegre, além do concurso para a eleição da corte do carnaval, realizado pela prefeitura da cidade em dezembro do ano passado.
A inspiração para o trabalho era a exploração da imagem feminina e da sensualidade pela mídia, tema aceito com a concordância do orientador José Roberto Cintra. A questão da beleza e da sensualidade ainda são recorrentes na obra, entretanto o foco passou a ser as mulheres. “Eu queria que fosse um filme das passistas, eu queria que elas falassem. De fato, eu deixei de lado a história do carnaval, os problemas...mas não está no filme porque eu queria que elas aparecessem”, justifica.
Deste modo, a questão da sensualidade exposta pela mídia dá espaço à visão das próprias passistas, que enxergam o samba como uma arte. Elas não têm ambição de “ganhar a vida” com o carnaval, trabalham no dia-a-dia e desfilam por prazer. Sabem os desejos que despertam, mas respeitam o trabalho que fazem e dizem lidar bem com os limites da exploração do corpo. A professora Marília Fiorillo, da banca examinadora concorda: “Somos bombardeados pelo mundo do obsceno, pela exploração do corpo, mas aqui a sensualidade é secundária porque você está mostrando artistas, essa gente tem talento e está aí fazendo arte. Eu considero este filme um manifesto anti-vulgaridade”.