São Paulo (AUN - USP) - A disfagia é um distúrbio de deglutição que pode decorrer de diversas doenças, como cânceres de cabeça e pescoço, traumas cranioencefálicos, doenças neurológicas – como derrame -, intubação prolongada e algumas síndromes. Cada vez mais comum, ela atinge tanto desde crianças como adultos e idosos. O processo de reabilitação desse distúrbio é responsabilidade dos fonoaudiólogos, mas em uma equipe hospitalar, outras áreas também contribuem para esses casos. É esse trabalho multidisciplinar que a Liga Acadêmica de Fonoaudiologia em Disfagia procura valorizar e passar para os seus alunos participantes.
Criada em 2007, a liga é um projeto recente que procura ampliar os conhecimentos dos alunos participantes sobre a ação da fonoaudiologia clínica no tratamento desse distúrbio e introduzi-los a vivência de um ambiente hospitalar. Durante os nove meses em que participam do projeto, os acadêmicos possuem aulas teóricas e práticas. As atividades teóricas abordam temas trazidos pelos próprios participantes, que são debatidos em aula. Entre as práticas, há acompanhamento de casos de disfagia que ocorrem no Instituto Central do Hospital das Clínicas. “A cada discussão de caso ou a cada aula, há sempre uma informação nova ou um raciocínio clínico que nos auxilia a desenvolver o melhor caminho para reabilitação desses pacientes”, explica a fonoaudióloga Danielle Pedroni Moraes, uma das coordenadoras da liga.
A experiência com a fonoaudiologia hospitalar e o contato com outras áreas de saúde que atuam nas equipes hospitalares são os principais aprendizados que a Liga oferece ao aluno. Entender as áreas de atuação da fonoaudiologia hospitalar, como audiologia, funções da face e disfagia, e compreender o processo de reabilitação dos casos hospitalares levam o acadêmico a explorar sua capacidade de diagnóstico. “O aluno aprende a realizar o raciocínio diagnóstico e clínico”, explica Moraes.
Para a professora, o contato com as outras áreas possibilita ainda que os alunos tenham mais perspectivas sobre a atuação da profissão no mercado de trabalho. “Além disso, possibilita ampliar o contato com uma das áreas contidas na grade curricular e com a vivência hospitalar. Acredito que auxilie o aluno a verificar as perspectivas para atuação profissional”, conta ela. O conhecimento de áreas como fisioterapia, terapia ocupacional e nutrição, que também atuam em casos de disfagia, aumenta a visão clínica do acadêmico, que passa a possuir mais ferramentas e informações para programar um melhor atendimento para os seus pacientes.
Além das aulas, os alunos também apresentam estudos de casos e podem participar das reuniões científicas do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que são realizadas semanalmente com todos os fonoaudiólogos da equipe de disfagia. A cada ano, quatro alunos são selecionados, através de uma prova teórica, para participar da liga, que é aberta para acadêmicos de todos os anos do curso de fonoaudiologia.