São Paulo (AUN - USP) - A maioria dos moldes em resina da Oficina de Réplicas não são mais feitos no Instituto de Geociências (IGc) da USP. Desde 2009, essa parte do processo foi transferida para a cidade de Apiaí, no Vale do Ribeira, a região mais pobre economicamente e uma das mais ricas em biodiversidade do estado de São Paulo. É o que conta o professor Luiz Eduardo Anelli, criador da oficina.
O projeto é uma nova tentativa depois de o anterior, de 2001, não ter sido continuado. Agora, a Oficina de Réplicas conta com o apoio do Ciem (Centro Integrado de Estudos Multidisciplinares) de Apiaí, que é uma unidade operacional da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais). O centro tem o objetivo de promover iniciativas que atendam a interesses da comunidade local, em trabalhos de extensão social e na área de divulgação científica e cultural.
Apiaí é uma das cidades mais pobres do estado de São Paulo. Assim, o projeto ganha importância por trazer mais uma oportunidade de emprego às pessoas carentes da região. Além da oportunidade, o objetivo era deslocar o manuseio da resina para um local mais adequado e acelerar a produção das réplicas. Na Oficina de Réplicas (www.igc.usp.br/replicas), na Cidade Universitária, são realizados atualmente apenas os processos finais: acabamento, embalagem, estoque e despacho das coleções.
É realizado um treinamento de duas semanas para ensinar o ofício de produzir réplicas e moldes às pessoas, previamente inscritas e selecionadas. “A USP seleciona os jovens de acordo com a classe social. Jovens mais necessitados são normalmente os contemplados”, explica Anelli. Logo depois, os contratados começam a trabalhar com os moldes e as réplicas. Além do emprego, eles têm a oportunidade de produzir um material que vai gerar conhecimento em diversas partes do Brasil.
Depois de passar pelo processo de preenchimento dos moldes e produção das réplicas em Apiaí e pelo acabamento e embalagem na USP, o material é estocado e vendido para escolas de ensino médio e faculdades do país. Até mesmo grandes universidades, como a Unicamp, contam com as réplicas da oficina. Como a maior demanda vem de instituições particulares, a fim de levar as réplicas também para outras escolas com menos recursos, desde 2005 a Oficina de Réplicas doa, a cada dez coleções vendidas, uma coleção para uma escola pública. Antes disso, a oficina já realizava algumas doações para essas escolas.
O dinheiro obtido com as vendas é empregado na manutenção do projeto e na aquisição de novos fósseis. Muitos são comprados dos Estados Unidos e da Europa, além dos coletados no Brasil. Anelli mostrou também exemplares de crânios vindos da Argentina e de países da Ásia.
A Oficina de Réplicas surgiu em 1998. Antes de Anelli, fósseis originais eram emprestados para as escolas e, muitas vezes, voltavam danificados. Quando o professor assumiu, foram interrompidos os empréstimos. Porém, como os pedidos continuavam frequentes, surgiu a ideia de se produzirem e venderem réplicas dos fósseis. Hoje, são vendidas cerca de 30 coleções, com 27 réplicas cada, por ano. Algumas peças são raras, como conta Anelli: “Nós somos o único lugar do Brasil que vende uma cabeça de dinossauro”.
O próximo projeto de Anelli é montar uma exposição. Algumas peças originais nunca foram expostas no Brasil. Entre as peças da coleção, estão cerca de 50 crânios de animais pré-históricos. No entanto, faltam recursos e parceira para organizar a exposição e a edição de um catálogo.