São Paulo (AUN - USP) - O número de homicídios no país caiu nos últimos anos, segundo o estudo intitulado Mapa da Violência – Anatomia dos Homicídios no Brasil. Em compensação, a quantidade de roubos vem aumentando. Já o envolvimento de jovens nos crimes cresceu, de acordo com a Vara da Infância e Juventude. “Os crimes que envolvem pessoas desconhecidas continuam não sendo investigados”, alerta o coordenador do Núcleo de Estudos de Violência da USP (NEV), Sérgio Adorno.

Em palestra no 4º Simpósio: Avanços em Pesquisas Médicas, organizado pelo Laboratório de Investigação Médica (LIMs), o historiador contou sobre o fenômeno da violência no Brasil. “A violência está nas raízes sociais e históricas de nosso país”, conta Adorno. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a violência é um ato cometido por pessoas contra outras que comprometem a integridade física e psicológica do ser humano, como o linchamento e o preconceito.

Para ajudar as vítimas de violência, o atendimento médico deve reconhecer o quadro do paciente: quem são os personagens (vítima, agressores, testemunhas), contexto (história, ambiente) e meios (quais armas foram utilizadas). Estes são os elementos fundamentais para entender o fenômeno da violência. “O acesso facilitado a armas de fogo tende a aumentar o número de homicídios. Ações para reduzir a presença e o uso delas são comprovadamente eficazes”, ressalta o historiador.

Mas se engana quem acredita que a violência é um fenômeno recente no país. Ao contrário do que nossos avós falavam – que na época deles a vida era tranquila –, a História mostra outra realidade. O historiador, Capistrano de Abreu diz que “A família brasileira é formada por pais autoritários, mães submissas e filhos aterrorizados”. Além de ser uma sociedade escravocrata e patriarcal, ela também sempre usou a violência como meio de defender a terra e a honra. “É como se ela [a violência] fosse institucionalizada”, completa Adorno.