São Paulo (AUN - USP) - Andando pelos corredores brancos e cinzas do Hospital Universitário da USP (HU) é surpreendente deparar-se com a sala da brinquedoteca: figuras de animais pintadas nas paredes, brinquedos coloridos pelo chão e crianças que não deixam braços engessados ou curativos pós-operatórios incômodos atrapalharem a diversão. Criada em 2000, a brinquedoteca conta com brinquedos de qualidade doados pela B’nai B’rith (entidade judaica de ação beneficente) além de uma equipe para cuidar das crianças.
Em uma pesquisa de satisfação, descobriu-se que a brinquedoteca é o local preferido das crianças e seus acompanhantes no hospital. Entre os aspectos positivos estão: a ajuda na recuperação, o alívio da tensão, o bem estar proporcionado à criança, funcionários atenciosos, entre outros. Daniela Linhares, técnica de apoio educativo do HU diz que algumas crianças chegam a achar o período divertido, por terem acesso a brincadeiras que normalmente não tem: “A nossa população às vezes não tem a oportunidade de brinquedos que tem aqui”.
Daniela também ressalta a importância da brinquedoteca como espaço de resgate da autonomia da criança, em contraposição à rotina rigorosa imposta pelo hospital. Por isso ela é organizada em diversos “cantinhos” pelos quais se pode optar. Os favoritos são a televisão, o “cantinho dos bebês”, computador, jogos, oficinas de artesanato, quebra-cabeças e livros para as mães. Assim, a criança pode escolher com que ela vai brincar, quando e se ela realmente vai querer usar a brinquedoteca, como já ocorreu com uma paciente. “Ela queria só assistir televisão. Até que eu fui conversar com ela, e aí me contou como era a rotina dela com 11 anos ela cuidava dos outros cinco irmãos, limpava a casa, fazia comida, estudava, levava eles para a escola... Então ela estava feliz porque ela podia sentar e assistir televisão o dia inteiro.”.
Além da brinquedoteca, há um espaço destinado aos adolescentes internados no hospital. A sala possui dois computadores com Internet, vídeo games, jogos, fitas de vídeo e livros. “Eles também tem o espaço deles, que é próprio da adolescência, quando eles criam as tribos, fazem os amigos.” diz Daniela.