São Paulo (AUN - USP) - A pesquisa do AGATAA (Avaliação do Grau de Aterosclerose nos Adultos) mostrou que o tratamento do HIV pode provocar doenças cardiovasculares. Com o aumento da sobrevida desses pacientes, começou-se a observar que eles desenvolviam doenças clínicas que não estavam ligadas ao vírus mas sim ao tratamento.
De fevereiro de 2008 a julho de 2009 foram avaliados 118 pacientes, divididos em: portadores do vírus do HIV em tratamento, portadores do vírus porém sem necessidade de tratamento, pacientes diabéticos e um grupo de controle com voluntários “saudáveis”.
Após exames, o que se encontrou foi uma maior espessura da artéria carótida no grupo de pacientes recebendo tratamento de HIV em relação ao grupo de não tratados e ao grupo de controle. A maior espessura da carótida, artéria que leva o sangue do coração ao cérebro, contribuiria para a formação de placas e para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Também encontrou-se no grupo de tratados uma maior rigidez das artérias, também indicativo de problemas cardiovasculares, além de uma maior síndrome metabólica, um componente que avalia fatores como hipertensão e intolerância a glicose.
Portanto, a conclusão é que o risco de contrair doenças cardiovasculares em pacientes recebendo tratamento de HIV é maior do que em portadores do vírus não tratados. No entanto, esse risco não supera em nenhum critério o do grupo de pacientes com diabetes.
Margareth da Eira, autora da tese de Doutorado, ressalta outros trabalhos realizados e que tratam da interferência de medicamentos usados no tratamento retroviral na atividade cardiovascular. Exemplos de medicamentos que podem provocar alterações são os inibidores da protease Indinavir e Kaletra, além do Efavirenz.
A pesquisa foi realizada em uma parceria entre o HC, de onde vieram os pacientes com HIV, e o Hospital Universitário (HU) da USP, que cedeu sua estrutura de pesquisa, além de pacientes com diabetes e os voluntários do grupo de controle.