ISSN 2359-5191

01/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 110 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Estudo em Taubaté contraria tese de que trabalho fora de casa é impeditivo para amamentar

São Paulo (AUN - USP) - Recorrer ao Banco De Leite Humano é uma alternativa para as mães que apresentam dificuldade ou não conseguem amamentar. Foi através das percepções sobre aleitamento materno entre doadoras de leite humano que a nutricionista Jaqueline Müller desenvolveu sua dissertação de Mestrado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e se surpreendeu com os resultados da população em estudo. Houve surpresa quando 50% das doadoras disseram trabalhar fora, o que significa ,portanto, que o trabalho fora de casa não foi um impeditivo para essas mulheres amamentarem e tampouco para doarem o leite ,como costumeiramente se poderia imaginar, já que existem diversos autores que citam o trabalho fora de casa como motivo para o desmame precoce.

Esses autores costumam relatar a dificuldade que as mulheres tem em conciliar trabalho e aleitamento. O estudo de Jaqueline também mostra que há uma maior propensão das doadoras de leite serem também doadoras de sangue e órgãos. Questionadas sobre o motivo que a levaram amamentar seus filhos , elas disseram que o faziam por decisão própria e por acreditarem ser o leite materno o alimento mais completo para o bebê. Uma das entrevistadas resumiu seu gesto a “amor em liquido”. As doadoras contam que a própria família às vezes não incentiva, pois tem a ideia equivocada de que o leite é fraco.

No período de três meses , portanto, a nutricionista analisou o perfil de 50 doadoras do Banco de Leite de Taubaté . As entrevistadas mostraram algumas particularidades em relação a outros estudos sobre o tema. A maioria delas possuía alta escolaridade , renda de três a sete salários mínimos , 80% delas viviam com o companheiro e todas haviam realizado pré-natal. Jaqueline explica que os estudos relacionados ao assunto costumam apresentar um perfil de mulheres de menor escolaridade e renda inferior .

Taubaté apresenta maior número de doações comparada a outras cidades. São José dos Campos,por exemplo, apesar de ter mais que o dobro da população é atendido pelo banco de Leite de Taubaté, por faltar doadoras na região. Um dos motivos do maior índice de doações em Taubaté é o estímulo a doação nos próprios hospitais.

A nutricionista conta que o Brasil tem a mais complexa rede de bancos de leite do mundo, tornando uma referência mundial, e exportando tecnologia para a América do Sul, México e Portugal. Enquanto, no nosso país há 198 bancos de leite, países como EUA e Canadá,contam com 10 e 1 respectivamente. Segundo Jaqueline, uma das possibilidades para entender o porque da escassez de banco de leite nesses países é devido aos grandes números representados pela alimentação artificial e talvez o não despertar para o benefício do leite humano.

A orientanda lembra que o leite materno é o alimento mais completo nos primeiros seis meses de vida, protegendo o bebê contra infecções, alergias. Estudos apontam que crianças que receberam leite materno comparadas com as que não receberam tiveram tempo de internação menor e um desenvolvimento neuropsicomotor mais rápido.

No Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu como um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, até 2015, diminuir a mortalidade infantil e neonatal. Por isso, estimular a aleitação materna é de crucial importância para salvar vidas. Jaqueline ressalta a importância de divulgar os bancos de leite nos hospitais, além de se desenvolver promoções e estratégias para que a própria sociedade passe a estimular a doação de leite humano.

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