ISSN 2359-5191

28/06/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 10 - Sociedade - Instituto de Psicologia
Imigração coreana em debate no Instituto de Psicologia

São Paulo (AUN - USP) - Quarenta anos depois chegada da primeira leva de imigrantes coreanos para o Brasil, o país já conta com 50 mil coreanos e descendentes. A maioria deles, após viver várias dificuldades, conseguiu posição de destaque na sociedade brasileira. Hoje, são responsáveis por uma grande parcela da produção têxtil, além de se destacarem no campo acadêmico. Pode-se observar sua presença nas principais universidades brasileiras, ocupando cargos de prestígio como professores universitários e juízes. Para abordar os aspectos psicossociais do fenômeno migratório coreano e os processos de aculturação, o IP-USP promoveu recentemente uma mesa redonda que contou com pesquisadores do próprio Instituto e personalidades importantes da comunidade coreana.

A primeira leva migratória de coreanos para fora de seu país, ocorrida nos anos 60, não foi bem vista pelos seus próprios conterrâneos. Segundo o professor de Ciências da Religião Jung Mo Sung, da PUC-SP, os que saíam da Coréia, que atravessava um período de reconstrução, eram considerados traidores da pátria e pensava-se que vinham ao Brasil para jogar futebol. Entretanto, de acordo com o cônsul geral da Coréia, Hwa Hyun Jung, atualmente, a visão dos coreanos em relação ao imigrante já é diferente, senão totalmente oposta. Os imigrantes são vistos como embaixadores e patrimônio da nação, tanto que já se cogita a possibilidade da dupla nacionalidade aos coreanos imigrantes e seus descendentes.

No processo de imigração, o inevitável choque de culturas ocorreu. Começava desde coisas triviais como a comida ou a língua quanto para questões mais filosóficas, como o confronto do maniqueísmo ocidental e a concepção de Yin/Yang oriental. Deve-se ressaltar, entretanto, que o choque de culturas não é, de forma alguma, unilateral, de acordo com o professor do IP-USP Geraldo José de Paiva. Não é somente a cultura do imigrante que é alterada, há a transformação da cultura recebida e vigente num processo bi-direcional. Mais do que isso, segundo a professora Sylvia Dantas de Biaggi, a estratégia mais benéfica aos jovens imigrantes é justamente manter sua identidade cultural e também o relacionamento com grupos sociais do país receptor.

O Brasil, terra de grandes latifúndios, jamais daria a oportunidade de uma ascensão através da agropecuária. Por isso, a tendência dos imigrantes coreanos foi mudar-se para as cidades onde trabalhariam exaustivamente, alguns até 16 horas diárias. De acordo com o professor Jung da PUC-SP, trabalhar e economizar foi questão de sobrevivência psico-econômica num lugar onde eram vistos como estranhos. E, para os jovens imigrantes da época, a cobrança nos estudo era grande, já que se via isso como a outra forma de ascensão social.

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