ISSN 2359-5191

28/06/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 10 - Educação - Faculdade de Saúde Pública
Funcionários da USP relatam preocupações com rumo de aposentadorias

São Paulo (AUN - USP) - Identificar o significado da aposentadoria e os projetos futuros dos que irão se aposentar foram os objetivos da pesquisa de mestrado da assistente social Maria Lucia Beger, da Faculdade de Saúde Pública da USP.

O estudo demonstrou que, ao contrário da conotação de desvalorização pessoal criada pela sociedade para identificar os aposentados como velhos inaptos para as atividades produtivas, grande parte desses não quer parar por completo as suas atividades. A aposentadoria é para eles um descanso merecido por seus anos de trabalho, mas eles ainda possuem energia necessária para exercer outras atividades.

A pesquisa foi realizada a partir de entrevistas realizadas com funcionários de nível básico da Faculdade de Saúde Pública, todos acima de 45 anos. Os funcionários estão em fase de pré-aposentadoria e compartilharam com Maria Lúcia seus sentimentos em relação a esta nova fase, seus planos futuros e a visão que têm daqueles que já estão aposentados.

As idéias centrais mais apontadas pelos funcionários em relação à aposentadoria foram que esta corresponde a um dinheiro certo que lhes irá amparar; um direito adquirido pelos anos de dedicação ao país; um descanso e uma interrupção forçada de suas atividades, pois muitos se consideram ainda jovens para deixarem de trabalhar.

A maioria dos entrevistados aponta como triste o quadro dos aposentados. Eles querem produzir, não querem ser como aqueles que passam os dias sem exercer alguma atividade, assistindo à televisão ou então fofocando na porta de suas casas. Eles querem estudar, continuar em seus ofícios ou então partirem para um negócio diferente, como vender lanches na praia. Este desejo de trabalhar foi mais encontrado no caso das mulheres, que crêem que a falta de trabalho pode leva-las à depressão.

Durante as entrevistas os funcionários relataram seus diversos planos para o futuro, mas no decorrer da pesquisa, foi constatado que a maior preocupação deles não é com o que farão depois que se aposentarem. O que eles mais temem é não conseguir se aposentar ou se sustentar com o dinheiro que passarão a receber. Esse grupo de entrevistados inclui-se na vigência da transição da CLT, iniciada em 1998, e eles estão atentos aos rumos da Previdência e da Seguridade Social.

Os programas de preparação para aposentadoria, aplicados principalmente em empresas, levam à reflexão dos funcionários sobre o que acontecerá quando se aposentarem. “É preciso resgatar o espaço deles na sociedade como cidadãos, trazendo de volta a identidade social que apresentavam quando exerciam um papel profissional”, disse a pesquisadora. “A aposentadoria deveria ser tratada como uma demissão ou como o desemprego: é preciso se preparar para enfrenta-la”.

Apesar da importância destes programas, eles não têm sido aplicados de maneira efetiva. Como hoje em dia são poucos os que se mantêm durante muitos anos em uma empresa, até sua aposentadoria, as empresas adotam medidas emergenciais aos poucos funcionários que se encontram nesta fase. Os sindicatos também não se preocupam com tal questão. Os funcionários terão a oportunidade de realizar seus projetos, se a situação econômica do país os permitir. Enquanto não alcançam seus objetivos, resta a eles buscar preencher seu tempo em atividades que a prefeitura e associações de bairro oferecem “aos que já se dedicaram o suficiente para este país”, segundo eles mesmos se denominaram.

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