ISSN 2359-5191

28/06/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 10 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Recuperação dos manguezais de Cubatão é viável

São Paulo (AUN - USP) - A recuperação de manguezais degradados de Cubatão é possível através do plantio de propágulos e plântulas de duas espécies de mangue. Essa foi a conclusão a que chegou Gisela Vianna Menezes em sua tese de doutorado "Recuperação de manguezais: um estudo de caso na Baixada Santista, Estado de São Paulo, Brasil", defendida no Instituto Oceanográfico da USP.

Os manguezais da Baixada Santista vêm sofrendo fortes pressões ambientais. Estudos realizados pala Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) apontam que, no ano de 1994, apenas 40% dos manguezais da região encontravam-se em bom estado de conservação, situação que se agravou nos últimos anos. Cubatão é a cidade que tem os manguezais mais degradados. Apenas 17% dos 29 Km² de manguezais originais encontram-se em estado saudável. A degradação desse ecossistema do Estuário de Santos está associada aos derramamentos de óleo e a influência do despejo de efluentes domésticos e industriais no mar, dragagens, desmatamentos e modificação dos cursos originais dos rios.

Os primeiros trabalhos sobre recuperação de manguezais feitos no Brasil começaram a ser relatados no início dos anos 90. A manutenção desse ecossistema é fundamental por ser área ideal para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado importante transformador de nutrientes em matéria orgânica, além de gerador de bens de serviço.

A pesquisa desenvolvida por Gisela Menezes teve como objetivos testar a viabilidade da recuperação de manguezais degradados e também elaborar um plano de ação para a recuperação dessas áreas, definindo as técnicas mais adequadas a serem empregadas.

Numa primeira etapa, foi feito o plantio experimental de 150 propágulos de Rhizophora mangle (um dos tipos de árvores específicos do ecossistema manguezal) e o transplante de 300 plântulas da mesma espécie em três parcelas experimentais, próximas à cidade de Cubatão. Em duas das três parcelas, as taxas de sobrevivência foram superiores à 70% e ambos os tipos de cultivo tiveram um crescimento similar após 33 meses de monitoramento. Numa segunda etapa, outra espécie foi plantada, Laguncularia racemosa, que obteve taxas de sobrevivência superiores a 80% e crescimento igual a 23,4 vezes o tamanho original em um período de 25 meses. A última etapa do estudo testou a recuperação de áreas maiores, procurando envolver a comunidade de pescadores no projeto de recuperação e preservação ambiental. Cerca de 5800 propágulos de R. mangle foram plantadas por crianças e jovens da Vila dos Pescadores, em Cubatão.

Menezes concluiu que a recuperação dos manguezais é viável e que o envolvimento da comunidade ribeirinha contribui para a eficiência de projetos de preservação e recuperação ambiental. Também concluiu que, após seis meses, o tamanho de plântulas e propágulos atinge níveis semelhantes e que para Laguncularia racemosa a melhor estratégia é o plantio intermediário em viveiro devido às pequenas dimensões dos propágulos.

Os resultados e conclusões desse trabalho são importantes para subsidiar políticas de desenvolvimento e preservação na Baixada Santista.

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