ISSN 2359-5191

28/06/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 10 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Construção do Guggenheim de Bilbao é discutida na FAU

São Paulo (AUN - USP) - Enquanto a viabilidade da construção de um museu da fundação Guggenheim na cidade do Rio de Janeiro vem sendo questionada, o público brasileiro (em especial arquitetos e estudantes de arquitetura) pôde conhecer melhor o mais notável edifício da marca: o museu Guggenheim de Bilbao.

Em palestra realizada no auditório da FAU, o arquiteto espanhol Fernando Pérez Fraile esmiuçou detalhes da construção do museu da cidade basca. Pérez é diretor do Idom em Londres. Idom é um grupo sediado em Bilbao que atua em onze países, nas áreas de engenharia, arquitetura e consultoria. Destaca-se por não ser uma empresa convencional, centralizada em poder de poucos donos. Na verdade, é um coletivo de sócios, isto é, a propriedade do grupo está distribuída entre 200 funcionários que têm a condição de associados.

Projetado pelo arquiteto canadense Frank O. Gehry, o Guggenheim de Bilbao possui uma forma ousada, impactante. O edifício é composto por uma série de volumes interconectados, alguns de forma ortogonal, cobertos com um tipo de pedra branca (proveniente da região de Granada, no sul da Espanha), outros curvos e retorcidos, revestidos com placas de titânio que têm cerca de um terço de milímetro de espessura. Combinado a tudo isso, há ainda grandes paredões de vidro.

Pérez disse que a opção pelo titânio, material predominante no revestimento do prédio, deveu-se ao fato de esse metal ser “vivo, estar em constante mutação”. Desse modo, o edifício adquire aparências diferentes, dependendo do ângulo pelo qual é visto, da quantidade de luz, das condições do tempo.

A construção do Guggenheim de Bilbao é fruto do trabalho coordenado de equipes de várias partes do mundo: Fundação Guggenheim de Nova Iorque, Frank Gehry Associates (em Los Angeles), empresas de engenharia encarregadas do desenho da estrutura e instalações (em Chicago e Nova Iorque) e as empresas locais, de Bilbao mesmo, incumbidas da construção do edifício. Segundo Pérez, o grupo Idom, que recrutou 120 pessoas para o empreendimento, teve o papel de gerenciar o projeto e coordenar essas equipes. Em relação à estrutura da edificação, Pérez descreveu a complexidade de se fazer uma obra com o tamanho e detalhes do Guggenheim. O desafio era garantir a excelência da técnica, para não comprometer a riqueza do projeto de Frank O. Gehry. Dessa maneira, foi indispensável o uso de computadores com softwares sofisticados e outros instrumentos de engenharia civil de alta tecnologia (muitos deles pioneiros). O palestrante também destacou que, por se tratar de uma equipe composta por jovens, “os engenheiros tinham a mente aberta para explorar várias possibilidades”.

O museu está situado em uma área de 32.500 m2. Há um desnível de 16m entre o nível da rua (onde está a entrada para pedestres) e os fundos, ao lado do principal rio de Bilbao. Além disso, o terreno é atravessado pela Puente de La Salve, uma das principais entradas da cidade. O projeto faz parte de uma reurbanização por que passa Bilbao e sintetiza a opulência de uma das mais prósperas regiões espanholas. Além do Guggenheim, outras obras de grande visibilidade foram construídas na cidade, como uma passarela sobre o ría del Nervión (o rio que está atrás do Guggenheim de Bilbao), de projeto do espanhol Santiago Calatrava.

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