São Paulo (AUN - USP) - Um acelerador de elétrons está sendo construído no Laboratório do Acelerador Linear do Instituto de Física da USP. A construção começou há dez anos, e a previsão é de que a primeira etapa seja concluída até o final deste ano. O coordenador do projeto, professor Marcos Martins, diz que o Instituto tem outros aceleradores, como o Pelletron, mas o novo acelerador terá usos diferentes.
Aceleradores são usados para estudar a estrutura da matéria, mas também tem outros usos, como esterilização de alimentos, polimerização e aplicações em medicina (radioterapia e imageamento). Para poder “enxergar” partículas como elétrons ou núcleons, que são muitíssimo pequenas, é preciso que elas adquiram grande quantidade de energia. Esta energia é transferida a elas pelo acelerador, quando passam por campos eletromagnéticos, e sua velocidade aumenta.
Existem vários tipos de aceleradores, de acordo com o tipo de partícula estudada e o uso que se faz dele. O acelerador que está sendo construído é do tipo mícrotron racetrack (pista de corrida), que é de campos oscilantes, em que as partículas são aceleradas em uma estrutura oval que lembra uma pista de atletismo. O acelerador Pelletron, também do IF, é do tipo eletrostático e acelera íons, que são bem mais pesados que elétrons.
A grande maioria das peças e estruturas utilizadas no acelerador é construída no próprio laboratório. Segundo o professor Marcos Martins, a equipe desenvolveu uma série de soluções novas, como um sistema de pistões para compensar a dilatação dos metais usados em certas peças, o que faz com que a própria construção do acelerador seja uma forma de pesquisa. Muito do trabalho é feito com a participação de estudantes de graduação, diz o professor, que não costumam ficar muito tempo no projeto, o que também faz com que a construção demore.
O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de outras fontes de financiamento. O coordenador do projeto, professor Marcos Martins, avalia que até agora o investimento no projeto foi de cerca de 1,5 milhão de dólares.