ISSN 2359-5191

21/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 124 - Ciência e Tecnologia - Museu de Arqueologia e Etnologia
Não existem arqueólogos para avaliar impacto de hidrelétricas amazônicas

São Paulo (AUN - USP) - Com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a região amazônica entrou de vez na rota do desenvolvimento. Contudo, segundo o pesquisador Eduardo Goes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, não existe um número de profissionais suficiente para avaliar os impactos gerados pelos grandes projetos na região, principalmente as hidrelétricas.

Além da controversa usina de Belo Monte, outras oito hidrelétricas estão previstas para a Amazônia. Sob a proteção da copa das árvores, enormes sítios arqueológicos se escondem. Cerâmicas e até aldeias inteiras estão debaixo da terra úmida. Como a pesquisa nessa área é muito recente, não se sabe ainda a quantidade exata de sítios arqueológicos amazônicos. Estima-se que, apenas na Amazônia Central, existam mais de 200.

“O problema é que nós não temos um número de arqueólogos suficiente para avaliar os sítios atingidos. Muita informação pode estar indo para o lixo”, alerta o pesquisador. Segundo ele, os poucos profissionais são os responsáveis por autorizar a inundação de determinada área e decidir se os artefatos encontrados têm valor histórico e merecem ser preservados. Mas não há profissionais suficientes para atender tamanha demanda.

Isso acontece porque 95% da arqueologia brasileira é acadêmica e não coloca a mão na massa. Trazer arqueólogos estrangeiros poderia ser uma solução, mas isso não é visto com bons olhos pelos mais nacionalistas. A sobrecarga de trabalho sobre os poucos profissionais potencializa a chance de erros. “É bom lembrar que o impacto sobre os sítios é irreversível. É uma parte importante e pouco conhecida da nossa história que está indo embora”, lamenta.

No caso da usina de Belo Monte, como a discussão já se estende por anos, estudos preliminares já apontaram a existência de material arqueológico próximo à cidade de Altamira, na parte que será alagada pela hidrelétrica. Contudo, com a recente licitação, novos estudos serão necessários para avaliar os reais impactos sobre o patrimônio histórico que está armazenado no local.

Os grandes projetos amazônicos, entretanto, não são de todo vilões. Grande parte da arqueologia na Amazônia foi revelada por esses empreendimentos. Quando uma empresa vai construir uma barragem ou uma linha de transmissão, muitos materiais podem surgir na fase de escavações. Mas devem ser avaliados por arqueólogos especializados. “Os estudos não estão sendo feitos de forma adequada, por falta de profissionais”, finaliza Eduardo.

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